Capa,
Luz máxima
O artista Felipe Cohen empresta seus traços minimalistas para o STF na capa de abril
14dez2018 | Edição #10 abri.2018Com obras presentes em coleções como a Pinacoteca do Estado de São Paulo e os Museus de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro, o desenhista e escultor Felipe Cohen (@felipecohen76) explora dualidades como limite e expansão e tradição e modernidade para refletir sobre questões existenciais. É o jogo entre luz e sombra que ele explora na capa da revista #10, de abril de 2018, que trata das tensões entre direito e política no Supremo Tribunal Federal.
Cohen teve quatro indicações ao Prêmio PIPA, foi finalista do Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça e recebeu os prêmios illy SustainArt, Atos Visuais e Fiat Mostra Brasil. Dentre suas participações em exposições se destacam aquelas na Bienal do Mercosul, no Museu de Arte Contemporânea de Lyon e no Museu de Arte Contemporânea de Scottsdale.
Qual foi o seu ponto de partida para pensar essa capa? Primeiramente, pensei sobre como o assunto poderia ser refletido ou formalizado na lógica interna das minhas colagens e do meu pensamento plástico de forma geral. Penso no STF bastante acuado neste momento e sofrendo bastante com certo descrédito da opinião pública. Mas o que sempre me chamou a atenção foi o fato de ser uma instituição muito voltada para si mesma, com códigos e linguagem muito específicos. A ideia foi tentar mostrar esse isolamento e como isso estava de certa forma ameaçado.
Para você, qual o simbolismo da esfera – o sol – nessa imagem? O sol entrou nas ilustrações como a imagem da luz máxima, ou seja, a ideia de jogar luz em algo para conhecê-lo melhor, mostrar o que há de obscuro e escondido. O uso do círculo me pareceu apropriado também como forma de articular esse elemento com os componentes da arquitetura do prédio.
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Seu trabalho é permeado por formas dissonantes coexistindo intimamente e atualizações simbólicas de signos e gêneros clássicos. Isso se aplica também neste trabalho? De certa forma, sim. Usei o gênero da paisagem para falar de outro assunto – na verdade, o gênero da paisagem sempre falou sobre coisas que não só a paisagem, por isso se tornou um tema tão rico. Mesmo porque a própria arquitetura de Brasília sugere sempre uma amplidão da paisagem onde está inserida.
Sua obra é bastante minimalista: nela, há apenas o essencial. É uma decisão puramente estética? Acho que é uma questão de temperamento, acho mais fácil pensar a partir das estruturas, do que seria o essencial.
Na sua opinião, qual o papel do artista ao tratar de temas delicados como política e religião? Não acredito num papel específico do artista. Arte é um exercício de liberdade e autoconhecimento, prática que deve sempre ampliar nosso campo de experiência, pelo menos do artista em relação ao seu processo. Se essa prática vai significar algo para alguém realmente não está na mão do artista. Enfim, ainda penso a arte como a prática de algo mais paradoxal, da dúvida e do desconhecido. Isso não quer dizer que temas e assuntos específicos não sejam estimulantes como ponto de partida para o artista. Mas vejo sempre esse tipo de proposta como algo que terá de ser articulado de forma a criar uma coerência que ultrapasse o específico e o particular.
Quais são seus próximos projetos profissionais? Estou trabalhando na minha exposição individual que acontecerá na Galeria Millan no segundo semestre de 2019.
Matéria publicada na edição impressa #10 abri.2018 em junho de 2018.
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