
Listão da Semana,
Para não esquecer
Sem despedidas, novo romance da Nobel sul-coreana Han Kang que chega esta semana às livrarias, relembra com lirismo e força o massacre da ilha de Jeju, às vésperas da Guerra da Coreia
08maio2025Sem despedidas, o novo romance da Nobel sul-coreana Han Kang, que chega esta semana às livrarias, relembra com lirismo e força o massacre da ilha de Jeju, às vésperas da Guerra da Coreia (1950-53). Abril marca o início dos protestos pelos habitantes da ilha, quando começou a forte repressão do governo que resultou em milhares de mortes e fuga em massa da população, em 1948.
Mais lançamentos: Memória de menina, de Annie Ernaux; o romance de estreia de James Baldwin; Salazar e o poder: a arte de saber durar, de Fernando Rosas; uma coletânea de textos de Claudia Piñeiro; O livro do meu pai, de Djaimilia Pereira de Almeida; Só um pouco aqui, romance premiado de María Ospina Pizano; uma história da arte queer, por Dawn Hoskin; as memórias de Alexei Navalny; e mais novidades quentinhas.
Veja os lançamentos de semanas anteriores.

Sem despedidas. Han Kang.
Trad. Natália T. M. Okabayashi // Todavia // 272 pp // R$ 84,90Romance mais recente da vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 2024, no qual a autora de A vegetariana (Todavia, 2018) entrelaça ideias sobre memória, dor e beleza para tecer um manifesto contra o esquecimento. A escritora sul-coreana narra a trajetória de uma escritora que deixa Seul rumo à ilha de Jeju — palco de um massacre ocorrido entre 1948 e 1949, às vésperas da Guerra da Coreia —, enquanto mergulha no passado sombrio, traumático e violento da família de uma amiga.
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Mais Lidas
Memória de menina. Annie Ernaux.
Trad. Mariana Delfini // Fósforo // 144 pp // R$ 69,90
Relato da juventude da escritora francesa agraciada com o Nobel de Literatura em 2022. Percorrendo íntima e profundamente as próprias memórias do verão de 1958, Ernaux narra como um trauma progrediu para um transtorno alimentar, seu despertar para o feminismo e diversos outros fatos históricos e experiências que transformaram sua perspectiva sobre a época.
“Passaram-se mais de dez anos, onze verões a mais, somando cinquenta e cinco anos de intervalo desde o verão de 1958, com guerras, revoluções, explosões de centrais nucleares, tudo aquilo que já está em vias de esquecimento.
O tempo que tenho pela frente está diminuindo. Haverá um último livro, necessariamente, como há um último amante, uma última primavera, mas nenhum indício de qual será. A ideia de que eu poderia morrer sem ter escrito sobre ela, que muito cedo chamei de “a menina de 58”, me assombra. Um dia não haverá mais ninguém para se lembrar. Aquilo que essa menina, e não outra, viveu continuará sem explicação, terá sido vivido em vão.”
Trecho de Annie Ernaux “Memória de menina”
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Proclamem nas montanhas. James Baldwin.
Trad. Paulo Henriques Britto // Pref. Márcio Macedo // Companhia das Letras // 288 pp // R$ 89,90
Publicado originalmente em 1953, o romance marca a estreia do escritor nova-iorquino na literatura. Com inspiração autobiográfica, o autor de O quarto de Giovanni (Companhia das Letras, 2018)faz um retrato sensível da juventade negra nos EUA dos anos 30 ao narrar a jornada espiritual de um jovem que vive entre a indiferença familiar e a dureza do cotidiano no Harlem. A edição inclui um perfil biográfico de Baldwin escrito pelo sociólogo Márcio Macedo, professor e coordenador de diversidade da FGV.
“Em entrevista ao New York Times, em 1985, James Baldwin revelou que Proclamem nas montanhas, seu romance de estreia lançado três décadas antes, surgiu da necessidade de lidar com o que mais o machucava. Uma dor intimamente relacionada ao pai, um pastor rigoroso e pouco afetuoso. Não à toa, a obra é descrita como ‘semibiográfica’ por Márcio Macedo, pesquisador que assina o perfil de Baldwin na edição publicada agora em maio pela Companhia das Letras”, escreve Bruna Martins em resenha para a Quatro Cinco Um.
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Salazar e o poder: a arte de saber durar. Fernando Rosas.
Tinta-da-China Brasil // 352 pp // R$ 119,90
Obra vencedora do prêmio PEN de ensaios na qual o historiador português explora as razões pelas quais António de Oliveira Salazar comandou Portugal por 48 anos, na mais longeva ditadura da Europa no século 20. Ao longo dos textos, o autor de Salazar e os fascismos: ensaio breve de história comparada (Tinta-da-China Brasil, 2023) reflete sobre as bases ideológicas do totalitarismo e os sistemas de controle fascistas.
“Fernando Rosas não tergiversa: o salazarismo é uma modalidade de fascismo, e o título do seu Salazar e os fascismos antecipa o cotejo entre o modelo luso e os demais fascismos europeus. O ensaio do historiador português é marcado pela sua experiência acadêmica: a introdução e os cinco capítulos passam por uma rápida revisão da historiografia. Para além disso, ele discute as relações entre história e memória, as condições em que o fascismo surgiu, elabora um esboço comparativo dos regimes, apresenta o Estado Novo português e finda com reflexões sobre as perspectivas atuais”, escreve Lincoln Secco em resenha para a Quatro Cinco Um sobre a obra anterior de Rosas que também trata do salazarismo.
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Escrever um silêncio. Claudia Piñeiro.
Trad. Marcelo Barbão // Primavera // 315 pp // R$ 69,90
Coletânea de textos de não ficção em que a escritora, dramaturga e colunista argentina constrói um retrato pessoal e autobiográfico sobre infância, maternidade, amizades e mestres, além de refletir sobre literatura e viagens. A obra ainda trata de política, com um marcante discurso em defesa da legalização do aborto na Argentina.
N’A Feira do Livrodo ano passado, Piñeiro afirmou que o tema do aborto aparecia em seu romance Catedrais (Primavera, 2024) não por militância, mas por ser uma realidade na vida das mulheres e da sociedade, mas que acreditava que a literatura tinha sim o poder de ampliar a discussão sobre o tema. “Sinto que a solidão da mulher está atrelada à impossibilidade da palavra”, disse ela na ocasião.

O livro do meu pai. Djaimilia Pereira de Almeida.
Todavia // 272 pp // R$ 84,90
Recém-agraciada com o prêmio Vergílio Ferreira de romance por sua contribuição para a literatura portuguesa, a escritora e colunista da Quatro Cinco Um entrelaça memórias e ficção ao narrar um “livro composto de outros livros”. Impulsionada pela morte do pai durante a pandemia de covid-19, ela busca escrever o romance que ele afirmava rascunhar há décadas ao mesmo tempo em que constrói uma análise sensível sobre o luto, os laços familiares e os vazios, as dores e a força interior que permanecem em tempos difíceis.
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Só um pouco aqui. María Ospina Pizano.
Trad. Silvia Massimini Felix // Instante // 176 pp // R$ 74,90
Vencedor do prêmio Sor Juana Inés de la Cruz, concedido pela Feira Internacional do Livro de Guadalajara, em 2023, o romance de estreia desta autora colombiana com presença confirmada na próxima edição d’A Feira do Livro acompanha cinco fêmeas de diferentes espécies de animais cujos destinos são de um modo ou outro afetados pela ação humana. O resultado é ao mesmo tempo um convite à reflexão sobre o nosso impacto sobre os bichos e uma alegoria sobre o drama dos milhões de refugiados hoje.
Assinantes da Quatro Cinco Um têm 25% de desconto no site da Instante. Conheça o Clube de Benefícios 451.

Breve história da arte queer: um guia de bolso sobre movimentos, obras, temas e inovações. Dawn Hoskin. Trad. Julia da Rosa Simões // Olhares // 254 pp // R$ 140
A pesquisa aprofundada da curadora de arte inglesa oferece uma revisão da história da arte focada na perspectiva das identidades queer — nas quais Hoskin destaca as conquistas, as rupturas e a influência de artistas queer nas mais importantes correntes artísticas.

Patriota. Alexei Navalny.
Trad. Clóvis Marques // Rocco // 464 pp // R$ 119,90
Relato íntimo do ativista e político russo Alexei Navalny (1976-2024), notável pela organização de protestos contra o governo de Vladimir Putin, em que detalha o período de recuperação após sofrer um envenenamento em 2020. Mesclando memória e análise política, Navalny relata os anos na prisão, os abusos do poder e sua defesa à liberdade nacional.
Vapt-vupt
+ novidades quentinhas
A ilha fantástica. Germano Almeida.
Oficina Raquel // 204 pp // R$ 69,90
O escritor cabo-verdiano laureado com o Prêmio Camões em 2018 faz do cotidiano da pequena Ilha de Boa Vista um espelho de emoções e dilemas que se revelam comuns a todos os povos.
Cartografia para caminhos incertos. Ian Fraser.
Intrínseca // 192 pp // R$ 59,90
Finalista do Jabuti por Severino Olho de Dendê (Intrínseca, 2022), o escritor soteropolitano imagina uma cidade baiana que se torna inalcançável à tecnologia.
Galeria de Arte São Luís: 1959-1966. José Armando Pereira da Silva.
Estação Liberdade // 288 pp // R$ 139
O autor reúne apresentações, críticas e documentos sobre a Galeria de Arte São Luís, importante pólo de difusão cultural paulistano que lançou artistas como Di Cavalcanti e Tomie Ohtake, entre outros.
Nações negras e cultura: da antiguidade negro-egípcia aos problemas culturais da África negra de hoje Cheikh Anta Diop. Trad. Monica Stahel // Vozes // 528 pp // R$ 160
Obra célebre do historiador, antropólogo, físico e político senegalês Cheikh Anta Diop (1923-1986) na qual o autor questiona as interpretações tradicionais da egiptologia.
Dois carcarás. Leandro Durazzo.
Círculo de Poemas // 40 pp // R$ 47,90
Plaquete de poemas em que o antropólogo, tradutor e poeta paulista descreve detalhes da vida selvagem que ao mesmo tempo o cerca e o compõe.
As crianças de Himmler. Caroline de Mulder.
Trad. Ivone Benedetti // Record // 272 pp // R$ 64,90
Três personagens têm seus destinos entrelaçados na maternidade que serviu de piloto para um programa criado por um líder nazista para que mulheres grávidas de oficiais do regime dessem à luz crianças ditas “sangue-puro”.