O autor Milton Hatoum (Bruno Alves/Divulgação)

Bagagem Literária, Festival literário,

Flima homenageia Milton Hatoum e discute fronteiras físicas e filosóficas

Oitava edição da Festa Literária da Mantiqueira acontece entre 15 e 18 de maio em Santo Antônio do Pinhal (SP)

24abr2025

No coração da serra da Mantiqueira, a cerca de 160 quilômetros de São Paulo, a cidade de Santo Antônio do Pinhal (SP) recebe entre 15 e 18 de maio mais uma edição da Flima, que acontece desde 2018. 

Este ano, a Festa Literária da Mantiqueira tem o tema “Deslocamentos e pertencimentos” e homenageia o escritor amazonense Milton Hatoum. Dialogando com as obras do autor de Relato de um certo Oriente (Companhia das Letras, 2008), que levou o prêmio Jabuti em 1990, esta edição da Flima busca relacionar a literatura com viagens e o sentimento de pertencer, do ponto de vista físico, filosófico e metafórico. 

Auditório da Flima (Festa Literária da Mantiqueira) em 2023 (Silvinha Amelia/Divulgação)

O evento vai reunir nomes de destaque da literatura brasileira em torno de debates sobre livros, política, meio ambiente, história e cultura, além de trazer apresentações de artistas oriundos de diversas regiões do país. 

Se deslocar para existir 

Segundo Maria Carolina Casati, que assina a curadoria da Flima com Roberto Guimarães e Cristiane Tavares, a oitava edição da festa literária quer refletir sobre a importância de se expandir as fronteiras para contemplar diferentes formas de existência. 

“A partir do momento em que a gente se desloca, a partir do momento em que a gente desloca nossos pensamentos, a gente está tentando existir no coletivo, mostrar que a gente pode pertencer a vários lugares. E só assim vai dar para a gente continuar existindo”, diz Casati, também escritora e doutoranda da Escola de Artes e Humanidades da USP. 

Nas palavras da professora e crítica literária Cristiane Tavares, que retorna à curadoria da Flima após sua participação em 2021, a programação insere os conflitos geopolíticos e territoriais no âmbito literário. Com mesas pensadas para contemplar autores de diversas origens, a festa busca olhar para “quem fala, como fala, de onde fala”, afirma. 

Autores confirmados

Entre os destaques da Flima estão grandes autores e autoras como Tati Bernardi, Luciany Aparecida e José Henrique Bortoluci. O pontapé inicial da programação, na noite de quinta (15), será a mesa “Distopia americana: Trump e a nova (des)ordem mundial”, com o jornalista Jamil Chade e mediação de Roberto Guimarães.  

Na sexta (16), a historiadora Paula Carvalho mediará um debate sobre a emergência climática, com participação da escritora brasileira Ana Rüsche e da suiça Prisca Agustoni. No mesmo dia, o jornalista Marcelo Leite lança seu livro A ciência encantada de Jurema (Fósforo). Ele vai conversar com a pedagoga e líder indígena Chirley Pankará e a pesquisadora Carolina Rocha, autora de A culpa é do diabo (Oficina Raquel). 

No sábado (17), é a vez de Carvalho receber os jornalistas Jamil Chade e Marie Ange Bordas em um bate-papo sobre a crise dos refugiados e os deslocamentos forçados. A programação ainda traz o homenageado da edição, Milton Hatoum, na mesa “Manaus é o mundo” e um debate entre Anna Virginia Balloussier, Carolina Rocha e Dia Bárbara Nobre sobre a relação entre o feminino e a religião.  

O último dia do evento, domingo (18), conta com os escritores Luciany Aparecida e José Henrique Bortoluci na mesa “Memória e (re)invenção: existir pela palavra”, e Tati Bernadi, que conversa sobre seu novo romance, A boba da corte (Fósforo), com Maria Carolina Casati. 

Entre as atrações musicais estão confirmados o recital de Rajana Olba, alaudista sírio refugiado no Brasil, o show Nordeste Ficção, da cantora potiguar Juliana Linhares, e a apresentação da banda Quimbará, que tocará o som do grupo cubano Buena Vista Social Club. 

Confira a programação completa.