Repertório 451 MHz,

‘Amêndoas’ e outras histórias da Coreia do Sul

A professora Yun Jung Im Park e a livreira Paulina Cho conversam sobre a presença da autoria feminina e a temática da violência na literatura sul-coreana

27out2023

Está no ar o 98º episódio do 451 MHz, o podcast da revista dos livros. A literatura da Coreia do Sul é tema do novo episódio do podcast. Ambas com origem sul-coreana, a professora Yun Jung Im Park e a livreira Paulina Cho, uma das sócias da livraria Aigo, conversam sobre o aumento de livros do país traduzidos no Brasil, a presença da autoria feminina e a temática da violência nessas histórias. Este episódio tem apoio da Companhia das Letras.

Onda coreana

As duas convidadas deste episódio têm raízes sul-coreanas e têm uma relação próxima com a cultura e a língua da Coreia do Sul: a professora Yun Jung Im Park e a livreira Paulina Cho.

 
 A  livreira Paulina Cho

Nascida na Coreia do Sul, Yun Jung Im Park é tradutora e professora de língua e literatura do seu país de origem na Universidade de São Paulo (USP). Entre seus trabalhos, estão a primeira tradução de A vegetariana, de Han Kang, cuja primeira edição foi lançada em 2013 pela editora Devir. No episódio, ela coa sobre os bastidores da criação dessa capa.

Em 2018, a editora Todavia fez uma nova edição do livro, com tradução de Jae Hyung Woo, depois de Han Kang vencer o Man Booker International Prize com A vegetariana, em 2016. A mesma editora está lançando outro título de Kang, O livro branco (obra de Kang da qual Paulina Cho mais gosta) publicado logo depois de Atos humanos.

      

Entre outras das suas traduções, a professora destaca os poemas de Chiclete, de Kim Ki-taek (7Letras, 2018) e Contos da Tartaruga Dourada, de Kim Si-seup (Estação Liberdade, 2016).


 

Paulina Cho é uma das sócias da livraria Aigo, junto com Agatha Kim e Yara Hwang, também de ascendência coreana. A Aigo – uma interjeição cujo significado poderia ser traduzido como “eita” – é uma livraria que abriu recentemente no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, vendendo livros com temas ligados à imigração e ao refúgio. 

Um lançamento sul-coreano recente trata justamente de uma mulher que resolve realizar o sonho de abrir uma livraria: Bem-vindos à livraria Hyunam-dong, de Hwang Bo-Reum, com tradução de Jae Hyung Woo, publicado pela Intrínseca.

Um dos livros comentados durante a entrevista é Amêndoas, de Won-pyung Sohn, traduzido por Yonghui Qio Pan e publicado pela editora Rocco. Ele está sendo vendido como uma obra recomendada pelo famoso grupo de k-pop BTS.

    

Outro título recomendado é Noite e dia desconhecidos, de Bae Su-ah (DBA, 2021), traduzido por Hyo Jeong Sung. Com uma história estranha, segue uma ex-atriz em seu último dia de trabalho como caixa num teatro para cegos. Uma narrativa espiralar, em que todos os personagens são os mesmos personagens, em que sonho e realidade se mesclam.

Mais na Quatro Cinco Um

A literatura sul-coreana por vezes aparece na pauta da revista dos livros. A jornalista Jessica Pinheiro escreveu sobre o livro Kim Jiyoung, nascida em 1982, de Cho Nam-Joo, que mostra o sexismo e a misoginia na sociedade de seu país e que virou febre entre artistas do k-pop.

Como a professora Yun comenta no episódio, literatura coreana é também a produzida na diáspora, e destacamos a resenha escrita por Kelvin Falcão Klein de Inverno em Sokcho, de Elisa Shua Dusapin (filha de pai francês e mãe sul-coreana), que apresenta um romance polifônico sobre deslocamentos, encontros e o trabalho literário.

Outro destaque da conversa é a literatura infantojuvenil da Coreia do Sul, que produz verdadeiras obras de arte, conforme mostra Bia Reis em sua reportagem na edição 67. Nessa, ela entrevistou o tradutor Luiz Girão, que diz o seguinte: “‘Hoje o livro ilustrado é uma forma de arte nacionalmente reconhecida na Coreia do Sul. Após serem publicadas, as obras são transformadas em exposição, musical, tema de workshop. E os autores têm reconhecimento similar ao de artistas plásticos, bem diferente do que ocorre no Brasil”.

Uma das autoras voltada para as crianças, Suzy Lee, que assina Espelho, Linhas e Rio, o cão preto, foi entrevistada pela editora Beatriz Muylaert para a newsletter Rebentos. “A imaginação significa o brincar. As crianças vivem para brincar. Quando brincam, podem ser o que quiserem. Crianças são pessoas pequeninas que são as mais fracas neste mundo real, mas podem ser as mais fortes em sua imaginação. A imaginação faz as crianças crescerem. Acredito que crianças que criam o seu próprio mundo tornam-se os adultos que sabem do que gostam e de como encontrar o caminho para serem felizes”, disse a escritora e ilustradora.

O melhor da literatura LGBTQIA+

Felipe Cabral, autor de O primeiro beijo de Romeu e O diário de Aquiles pela Galera Record. O escritor indicou Quarto aberto, de Tobias Carvalho, publicado pela editora Companhia das Letras em 2023.

O livro traz como protagonistas quatro homens jovens gays que vivem relacionamentos abertos. Ao mesmo tempo que buscam uma liberdade sexual e afetiva, eles acabam em uma jornada de autodescoberta. O livro foi resenhado por Renan Quinalha na Quatro Cinco Um.

Confira a lista completa de indicações dadas no podcast 451 MHz, no bloco O Melhor da Literatura LGBTQIA+.

O 451 MHz é uma produção da Rádio Novelo e da Associação Quatro Cinco Um.
Apresentação: Paulo Werneck e Paula Carvalho
Coordenação Geral: Évelin Argenta e Paula Scarpin
Produção: Ashiley Calvo
Edição: Luiza Silvestrini
Produção musical: Guilherme Granado e Mario Cappi
Finalização e mixagem: João Jabace e Luis Rodrigues, da Pipoca Sound
Identidade visual: Quatro Cinco Um
Coordenação digital: Bia Ribeiro
Para falar com a equipe: [email protected]