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A cobertura especial d’A Feira do Livro, que acontece de 14 a 22 de junho, é apresentada pelo Ministério da Cultura e pela Petrobras

MINISTÉRIO DA CULTURA E PETROBRAS APRESENTAM

A FEIRA DO LIVRO 2025, Repertório 451 MHz,

Na nossa pele

Lázaro Ramos e Ronilso Pacheco conversam sobre arte, religião e antirracismo

08jul2025

Está no ar o 145º episódio do 451 MHz, o podcast dos livros. Neste programa, o ator e diretor Lázaro Ramos e o teólogo Ronilso Pacheco, ambos também escritores, debatem uma questão que permeia toda a conversa: qual o papel da arte e da religião na luta pela igualdade racial? 

Mediado pela jornalista e escritora Adriana Ferreira Silva, o encontro aconteceu na mesa Na nossa pele d’A Feira do Livro 2025, realizada em junho, e foi transformado em podcast para a temporada especial do 451 MHz, que traz encontros da quarta edição do festival literário paulistano. No episódio, os convidados falam ainda sobre o novo livro de Lázaro Ramos, Na nossa pele: continuando a conversa (Objetiva), e sobre a importância de escrever para um público amplo, que inclua a comunidade negra brasileira, mas não se limite a ela. O episódio foi realizado com apoio do Ministério da Cultura e tem apresentação exclusiva da Petrobras.

O ator baiano, cujo mais recente lançamento é uma sequência de seu best-seller Na minha pele (2017), também publicado pela Objetiva, diz que acredita profundamente no poder da arte para transformar vidas. “Eu sou muito fruto do acesso à arte, do acesso à cultura. Eu entendo que a arte abre portas, mas que sozinha não vai conseguir transformar as coisas”, pondera. Para a arte ter amplo impacto na sociedade, prossegue ele, “precisamos de ajuda de políticas públicas, de senso comunitário.” 

Sobre seu lado escritor, Lázaro conta que desenvolveu um método narrativo — chamado por ele de “poética do acolhimento estratégico” — com a intenção de alcançar um público que vá além da comunidade negra brasileira. 

“Eu começo falando de assuntos que nos aproximam, que a gente entende com facilidade, [como] origem, família, trabalho. Uso muito o humor, um pouco da emoção, no meio faço uma provocação para que o leitor decida se quer continuar. Na segunda parte, eu falo o que eu realmente gostaria de falar”, explica.

(Flávio Florido)

Já Ronilso Pacheco rememora na conversa sua história com a religião. Ele conta que vem de uma família que segue majoritariamente a umbanda e isso jamais interferiu nas relações com amigos cujas famílias seguiam outras crenças. “Eu cresci num ambiente em que os pais dos meus amigos evangélicos não faziam restrições dos filhos brincarem na minha casa por causa do terreiro. Minha mãe também não enchia o saco na casa deles por causa dos cultos.”

A conversão para a religião evangélica, segundo ele, acabou sendo muito natural, fruto da relação com os amigos. Foi só depois de se converter e ter contato com experiências de protestantismo negro, relata Pacheco, que ele sentiu o “sopro antirracista”. 

“Foi quando comecei a pensar, inclusive, na contribuição importante de movimentos que têm o cristianismo como base e que tiveram um papel importante na libertação de diversos países no continente africano e na América Latina”, diz. 

Esse é o principal tema de seu livro Teologia negra: o sopro antirracista do espírito (Zahar, 2024), em que apresenta essas ideias para os leitores brasileiros com o objetivo de mostrar como muitos movimentos radicais de resistência e combate ao racismo se inspiraram na Bíblia. 

“Se houver [a palavra] negro no meio [de um título], a grande maioria das pessoas acha que o assunto [da obra] é restrito a pessoas negras. Acho que um pouco do que tenho tentado fazer é promover o entendimento de que o que escrevo, o que eu produzo, não é única e exclusivamente para pessoas negras. Pelo contrário”, afirma o teólogo. 

Livros do episódio

Veja abaixo a lista de livros mencionados pelos convidados nesta edição do 451 MHz, que inclui títulos lançados por eles e outras leituras recomendadas:

Na minha pele, de Lázaro Ramos (Objetiva, 2017)
Na nossa pele: continuando a conversa, de Lázaro Ramos (Objetiva, 2025)
Ocupar, resistir, subverter: igreja e teologia em tempos de racismo, violência e opressão, de Ronilso Pacheco (Novos Diálogos, 2016)
Teologia negra: o sopro antirracista do espírito, de Ronilso Pacheco (Zahar, 2024)
Em busca dos jardins de nossas mães: prosa mulherista, de Alice Walker, tradução de Stephanie Borges (Bazar do Tempo, 2021)
Deus dos oprimidos, de James H. Cone (Recriar, 2024)
Doppelgänger: uma viagem através do mundo-espelho, de Naomi Klein, tradução de Renato Marques (Carambaia, 2024)
Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves (Record, 2006)
Torto arado, de Itamar Vieira Junior (Todavia, 2019)
O avesso da pele, de Jeferson Tenório (Companhia das Letras, 2020)
Você não é invisível, de Lázaro Ramos (Objetiva, 2022)

Mais sobre os convidados

Lázaro Ramos é ator, apresentador, diretor e escritor. Iniciou sua carreira em 1994, no Bando de Teatro Olodum. Desde então, já atuou em várias produções para TV, teatro e cinema — em 2022, lançou seu primeiro longa-metragem como diretor, Medida provisória. Publicou livros infantis, entre eles Caderno de rimas do João (2010) e Caderno sem rimas da Maria (2018), ambos pela Pallas e, para o público juvenil, Você não é invisível (Objetiva, 2022). Em 2017, lançou pela mesma editora Na minha pele, sua estreia na literatura adulta, e em 2025 apresentou Na nossa pele: continuando a conversa. Leia a resenha do livro na Quatro Cinco Um.

Ronilso Pacheco é teólogo pela PUC-Rio e mestre em religião e sociedade pela Universidade Columbia, dos Estados Unidos. Publicou Teologia negra: o sopro antirracista do espírito (Zahar, 2019) e lança em breve, pela editora Fósforo, um novo livro em que dialoga com o historiador judeu Michel Gherman.

Temporada especial

Em julho, mês em que completa seis anos no ar, o 451 MHz publica uma temporada especial de quinze episódios com mesas que fizeram sucesso n’A Feira do Livro 2025. Ou seja, a cada dois dias, até 1º de agosto, um episódio novo do podcast dos livros vai ao ar. Saiba mais aqui.

O 451 MHz é uma produção da Associação Quatro Cinco Um.

Apresentação: Paulo Werneck
Produção: Beatriz Souza e Mariana Franco
Edição e mixagem: Fabio Teixeira
Identidade visual: Quatro Cinco Um
Apoio: Ministério da Cultura
Apresentação exclusiva: Petrobras
Para falar com a equipe: [email protected]

A Feira do Livro 2025 · 14 — 22 jun. Praça Charles Miller, Pacaembu

A Feira do Livro é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet – Incentivo a Projetos Culturais, Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos dedicada à difusão do livro e da leitura no Brasil, Maré Produções, empresa especializada em exposições e feiras culturais, e em parceria com a Prefeitura de São Paulo.