Listão da Semana,

Mariana Salomão Carrara, a Palestina de Mahmud Darwich e mais 15 lançamentos

Vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura em 2023, escritora paulistana dá voz à uma árvore para contar os conflitos de uma família em meio a uma plantação de tabaco no sul do país

09ago2024 • Atualizado em: 16ago2024

Escrito depois de a autora ler uma notícia sobre o suicídio de agricultores no sul do país, A árvore mais sozinha do mundo, novo romance de Mariana Salomão Carrara, chega às livrarias nesta semana, que também traz os relatos de Mahmud Darwich sobre a Palestina ocupada e a guerra entre Israel e o Hamas. 

Na seleção da semana, Misericórdia, de Lídia Jorge; poemas de Marcelo Ariel; Búfalos selvagens, de Ana Paula Maia; ensaios de Christian Dunker sobre a arte de amar; uma autoficção de Buchi Emecheta; um thriller de R.F. Kuang; os mitos da cozinha italiana, por Alberto Grandi; notas sobre as vidas de pessoas negras, de Christina Sharpe; e mais novidades quentinhas.

Viva o livro brasileiro!

Veja os lançamentos de semanas anteriores.


A árvore mais sozinha do mundo. Mariana Salomão Carrara.
Todavia • 208 pp • R$ 69,90

A escritora e defensora pública paulistana, vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura 2023 por Não fossem as sílabas do sábado (Todavia, 2022), ambienta seu novo romance em uma cidade interiorana do Sul do Brasil, em meio a uma pequena e tradicional plantação de tabaco. Dando voz a objetos e seres vivos que rodeiam a família do casal protagonista — como uma árvore, um espelho, uma caminhonete, entre outros —, Carrara aborda as complexidades familiares e geracionais dos personagens, em um enredo que surgiu depois de a autora ler uma reportagem sobre uma epidemia de suicídios no sul do país, possivelmente associada à exposição aos agrotóxicos. 

“A morte tem seus caprichos. Pode chegar chutando portas, sem a cortesia de um aviso prévio, e isso Não fossem as sílabas do sábado (Todavia, 2022) retrata com maestria. Ou pode ir se insinuando pelas beiradas, como uma praga que de folha em folha termina por devorar a plantação. É com o segundo tipo que Mariana Salomão Carrara vai tirar satisfações em A árvore mais sozinha do mundo”, escreve Anna Virginia Balloussier. Leia a resenha na íntegra.

Leia mais: Um retrato de Mariana Salomão Carrara, por Renato Parada

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Diário da tristeza comum. Mahmud Darwich. 
Posf. Milton Hatoum • Trad. Safa Jubran • Tabla • 176 pp • R$ 67

Primeiro livro em prosa do poeta e escritor palestino, traz uma série de ensaios autobiográficos que retratam o passado de Darwich na Palestina ocupada por Israel. Ao narrar a experiência da ocupação, dos deslocamentos e o episódio da prisão do poeta, autor de Da presença da ausência e Memória para o esquecimento (ambos publicados pela Tabla), o livro, publicado no Líbano em 1973, reflete sobre o sionismo e o nacionalismo árabe.

“O que é a pátria?
O mapa não é a resposta. E a certidão de nascimento não é mais a mesma. Ninguém teve que enfrentar essa questão como você desde este momento até morrer ou se arrepender, ou se tornar um traidor. Contentar-se não basta, pois o contentamento não provoca mudanças nem explode coisa alguma, e a desorientação é imensa. O deserto nem sempre é maior que uma cela de prisão. Então, o que é a pátria? Não é uma pergunta a que você pode responder e depois seguir seu caminho. Sua causa e sua vida são uma só. E antes de tudo — e além disso — é sua identidade. Seria a coisa mais simples de dizer: Minha pátria é onde nasci. Mas, se quando voltou, não encontrou nada…” Leia o trecho na íntegra.

Leia também: Em suas memórias, Mahmud Darwich denuncia os bombardeios israelenses que expulsaram os palestinos de Beirute em 1982

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Misericórdia. Lídia Jorge.
Autêntica Contemporânea • 384 pp • R$ 74,90

Vencedora do Prêmio de Romance e Novela 2022 da Associação Portuguesa de Escritores e do Prêmio Médicis Estrangeiro, a escritora portuguesa constrói um romance contado pela própria mãe, dona Maria Alberta, que morreu em 2020 em decorrência da covid-19. Como uma espécie de diário em áudio, feito com a ajuda de um gravador enquanto residia em um lar de idosos no Algarve, a narradora reúne histórias e pensamentos que escancaram a crise migratória em Portugal, como a precariedade dos trabalhos ofertados aos estrangeiros.

Leia também: Ao juntar os versos de Safo e a situação trágica dos refugiados na Europa, Ana Martins Marques alia política e poética com maestria

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A água veio do Sol, disse o breu. Marcelo Ariel.
Círculo de Poemas • 152 pp • R$ 69,90

O poeta, ensaísta e teatrólogo paulistano reúne poemas-diálogo entre poetas e xamãs, como Ailton Krenak, Cartola, Dona Ivone Lara, Victor Heringer, Virginia Woolf e outros, em uma viagem ao redor das complexidades do subjetivo e das palavras: “Não é apenas/ o peso irônico/ do esvaziamento/ o fruto envenenado/ da lucidez/ como a maçã/ da fábula/ é também a sensação/ de uma vida ficcional/ menos real do que ela”.

Leia também: Os últimos versos da argentina Alejandra Pizarnik mostram como a poeta recria a língua na sua intimidade


Búfalos selvagens. Ana Paula Maia.
Companhia das Letras • 136 pp • R$ 69,90

Duas vezes vencedora do prêmio São Paulo de Literatura, a escritora e roteirista carioca dá conclusão à narrativa de Enterre seus mortos (2018), com o protagonista de volta ao matadouro que quase extinguiu a humanidade e agora é comandado por sua esposa. Junto aos amigos, ele se vê no centro de uma conspiração criada por um circo que atrai multidões com profecias bíblicas e promessas de entretenimento e salvação.

Leia também: Onze livros de terror de autores brasileiros contemporâneos, como Biofobia, de Santiago Nazarian e De cada quinhentos, uma alma, de Ana Paula Maia

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A arte de amar: uma anatomia de afetos, emoções e sentimentos. Christian Dunker.
Record • 224 pp • R$ 69,90

A partir de análises acerca dos desafios e complexidades dos relacionamentos amorosos no século 21, o psicanalista e professor do Instituto de Psicologia da USP trata do amor como um sentimento com anatomia e gramática próprias. O livro é baseado no curso que o autor de Lutos finitos e infinitos (Paidós, 2023) ministrou em 2021, na Casa do Saber.

Leia também: Em entrevista, o psicanalista Christian Dunker ajuda a entender por que autores contemporâneos elaboram o luto por meio da escrita

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Cabeça fora d’água. Buchi Emecheta.
Trad. Davi Boaventura • Dublinense • 400 pp • R$ 99,90

Espécie de autobiografia e livro de memórias, no qual a autora de Cidadã de segunda classe e As alegrias da maternidade, ambos publicados pela Dublinense em 2019, narra sua infância na Nigéria e a mudança para a capital inglesa, em meio ao divórcio e a luta para criar cinco filhos sozinha enquanto lidava com xenofobia, machismo e racismo.

Leia também: Pouco se sabe da vida de Maria Firmina dos Reis, mas deve ter experimentado há duzentos anos o que mulheres negras em posições de poder sentem até hoje

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Impostora: Yellowface. R.F. Kuang.
Trad. Yonghui Qio • Intrínseca • 352 pp • R$ 59,90

A autora sino-estadunidense, vencedora do Prêmio Nebula pelo romance Babel ou a necessidade de violência em 2022, constrói um thriller sobre como a diversidade, racismo, xenofobia, plágio e apropriação cultural se propagam no mercado editorial após a protagonista roubar o manuscrito do livro de uma amiga morta, descendente de chineses que escreveu sobre trabalhadores na Primeira Guerra Mundial.

Leia também: Celeste Ng explora um mundo fictício semelhante à realidade onde a xenofobia impõe leis e comportamentos


As mentiras da nonna: como o marketing inventou a cozinha italiana. Alberto Grandi.
Trad. Alessandra Siedschlag • Todavia • 208 pp • R$ 79,90

A partir de uma vasta pesquisa, o autor italiano e professor de história da alimentação na Universidade de Parma esquenta o debate acerca da “verdadeira culinária italiana” enquanto desmonta mitos e lendas sobre suas origens. A partir de dados históricos, Grandi argumenta que as comidas de cantinas, pizzarias e trattorias não são tão tradicionais e autênticas como se costuma acreditar, e que a imagem da identidade alimentar da Itália foi influenciada por outras culturas.

Leia também: Somos o que comemos — Livro do chef Yotam Ottolenghi sugere estratégias culinárias de origem judaica, alemã e italiana para o isolamento

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Notas ordinárias. Christina Sharpe.
Trad. Jess Oliveira • Fósforo • 480 pp • R$ 109,90

Autora de No vestígio: negridade e existência (Ubu) e Notas ordinárias (Fósforo) — este último finalista do National Book Award na categoria de não ficção em 2023 —, a escritora estadunidense e pesquisadora em estudos de raça, gênero e classe reúne 258 notas sobre a vida de outras pessoas negras. Por meio de textos, fotografias, cartas e objetos de família, ela reflete sobre as dores e angústias compartilhadas entre as vidas negras, bem como momentos de gentileza e episódios de amor-próprio.

Leia também: Como a faceta de militante e intelectual público do autor negro americano James Baldwin influenciou os atos do Black Lives Matter

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+ novidades quentinhas

Preta Gil: os primeiros 50. Preta Gil.
Globo Livros • 280 pp • R$ 64,90
A cantora e atriz carioca relata sua trajetória profissional e pessoal. Inclui um texto do jornalista Guilherme Samora e imagens de acervo pessoal.

A angústia do rei Salomão. Romain Gary (Émile Ajar).
Trad. Julia da Rosa Simões • Todavia • 288 pp • R$ 89,90
Última publicação do diretor de cinema e escritor lituano, escrito sob o pseudônimo de Émile Ajar. O autor, duas vezes vencedor do Prêmio Goncourt, narra a história de um jovem taxista aficionado por dicionários.

Movimento: como reconquistar nossas ruas e transformar nossas vidas. Thalia Verkade e Marco te Brömmelstroet..
Vencedor do prêmio de melhor livro jornalístico na Holanda em 2021, o ensaio analisa o futuro das grandes cidades europeias, como a implementação de ciclovias e menos tempo no trânsito.

Proust. Samuel Beckett.
Trad. Arthur Nestrovski • Companhia das Letras • 96 pp • R$ 69,90
O escritor e dramaturgo Nobel de literatura dublinense se debruça sobre os sete livros que compõem o À procura do tempo perdido, de Marcel Proust, em um ensaio escrito sob encomenda em 1930.

Wilhelm Reich e saberes insurgentes. João da Mata (Org.).
Summus Editorial • 240 pp • R$ 91,10
O psicólogo reúne diversos pensadores e temas da política, sociologia, biologia e mais para debater a obra do psiquiatra e psicanalista austro-americano.. 

Carta de uma orientadora: sobre pesquisa e escrita acadêmica. Debora Diniz.
Civilização Brasileira • 210 pp • R$ 49,90
A antropóloga, professora da UnB e documentarista premiada partilha, em formato de carta, sugestões sobre leitura, pesquisa e escrita acadêmica. 

Um rubi no umbigo. Ferreira Gullar.
José Olympio • 160 pp • R$ 74,90
Tragicomédia do escritor e dramaturgo maranhense, vencedor do prêmio Camões, que inspirou uma peça dirigida por Bibi Ferreira em 1979, poucos anos após Gullar retornar do exílio imposto pela ditadura.

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Listão da Semana: confira os lançamentos de semanas anteriores

Quem escreveu esse texto

Iara Biderman

Jornalista, , editora da Quatro Cinco Um, está lançando Tantra e a arte de cortar cebolas (34)

Jaqueline Silva

É estudante de Jornalismo na ECA-USP e assistente editorial na Quatro Cinco Um.