Listão da semana: paixão pela matemática, Tatiana Salem Levy e mais 12 lançamentos

Quem ainda acha que livro de matemática é só para gente da área pode mudar de ideia com Historias da matemática, de Marcelo Viana, que acaba de chegar às livrarias. Em linguagem saborosa, o autor discorre da arte matemática de empacotar laranjas à quadratura da bola; dos primeiros cálculos em Alexandria ao futebol e raio laser; e ainda propõe alguns desafios com números.

A semana traz também romances de Tatiana Salem Levy e de Silvana Tavano; A revolução molecular, de Félix Guattari; uma coletânea de histórias de horror organizada por Joyce Carol Oates; um romance de Luisa Geisler; a biografia de João Carlos Martins, por Jamil Chade; as conversas de Françoise Vergès com Aimé Césaire; e mais novidades quentinhas.

Viva o livro brasileiro!

Veja os lançamentos de semanas anteriores.

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Histórias da matemática: da contagem nos dedos à inteligência artificial. Marcelo Viana.
Tinta-da-China Brasil • 256 pp • R$ 84,90

A partir de episódios retratados em sua coluna na Folha de S.Paulo, o diretor geral do IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) apresenta pensadores, problemas famosos, teorias e curiosidades ligadas ao mundo dos números. Apaixonado por matemática, o autor leva os leitores pela mão ao narrar, em linguagem saborosa, as muitas histórias dessa ciência, a começar pela descoberta dos números no capítulo “A matemática dos bichos”: 

Trecho:
Um fazendeiro estava determinado a matar um corvo que fizera o ninho numa torre da sua casa. O problema é que, cada vez que entrava na torre, o pássarofugia, ficava observando e só voltava depois que o homem saía da torre. O fazendeiro recorreu a um estratagema: dois homens entraram juntos na torre e apenas um saiu. Mas o pássaro não se deixou enganar: só voltou ao ninho depois que o segundo homem saiu. Nos dias seguintes, eles repetiram o truque, sucessivamente com dois, três e até quatro homens, mas sempre sem sucesso. Por fim, entraram cinco homens na torre e saíram quatro. Dessa vez deu certo: incapaz de distinguir entre quatro e cinco, o corvo voltou para o ninho.

Quem conta esse episódio é o historiador da matemática Tobias Dantzig(1884 ‑1956), no grande clássico Número, a linguagem da ciência, publicado pela primeira vez em 1930. Não é um caso raro: estudos realizados nas últimas décadas indicam que o sentido do número está amplamente distribuído no reino animal, mesmo entre espécies com cérebros rudimentares. Leia o trecho completo.

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Melhor não contar. Tatiana Salem Levy.
Todavia • 224 pp • R$ 69,90

O novo romance da escritora e ensaísta brasileira nascida em Portugal, autora de Vista Chinesa (Todavia, 2021), é um convite à reflexão sobre experiências que atravessam as mulheres ao longo da vida. As narrativas abordam desde o nascimento e as consequências do fim da inocência precoce até a morte.

“Juntando histórias da vida de muitas mulheres, a autora pergunta se não devemos, nós mulheres, sempre escrever de forma pessoal. A vida da mulher é uma vida do dentro, da casa, do particular, e era, se contada, considerada uma literatura menor. Porém, uma de suas referências presente na epígrafe do livro, Annie Ernaux, veio provar o contrário. Levou em 2022 o maior prêmio literário do mundo, o Nobel, exatamente com a escrita da vida íntima”, escreve a documentarista Paula Sacchetta em resenha para a revista dos livros. Leia na íntegra.

Ouça mais: No podcast 451 MHz, Tatiana Salem Levy e Paloma Franca Amorim conversam sobre as representações literárias da violência sexual

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Ressuscitar mamutes. Silvana Tavano.
Autêntica Contemporânea • 120 pp • R$ 59,80

A premiada autora de infantojuvenis lança seu segundo romance. Com histórias sobre o tempo que fundem passado, presente e futuro, o livro é um híbrido de memória, ensaio e ficção, em que uma filha busca pela mãe e cientistas tentam clonar e reviver mamutes.

“Tentei capturar todos os tempos num só tempo. Isso significa sentir tudo de uma vez, o que não é fácil. Tem uma memória teoricamente verdadeira (mas nunca é) e tem a lembrança do que não aconteceu, do que poderia ter acontecido. E mesmo a suposta memória “verdadeira” volta híbrida, como os mamutes que, se um dia voltarem, serão “mamofontes”, mistura de mamute com elefante”, conta a autora em entrevista para a Quatro Cinco Um. 
Leia a entrevista de Iara Biderman na íntegra.

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A revolução molecular. Félix Guattari.
Trad. Larissa Drigo Agostinho • Pref. Larissa Drigo Agostinho • Ubu • 352 pp • R$ 98

Reúne textos do filósofo e psicanalista francês, um dos idealizadores da esquizoanálise — campo que critica a psicanalítica do desejo, originado pela obra conjunta de Guattari e do filósofo Gilles Deleuze —, publicados entre 1972 e 1979. Focado na análise acerca da vida social, o autor reflete sobre a politização da psicoterapia, luta antimanicomial, política, fascismo e as transformações da psicanálise perante o sistema capitalista e o surgimento do neoliberalismo.

Leia também: Fanon e a loucura — Como o pensamento do autor nascido na Martinica influenciou a Reforma Psiquiátrica e a Luta Antimanicomial no Brasil

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Em carne viva. Joyce Carol Oates (Org.).
Trad. Regiane Winarski • Darkside • 272 pp • R$ 64,90

Compilada pela premiada escritora estadunidense, autora de Minha vida de rata e Noite. Sono. Morte. Astro. (HarperCollins, 2022; 2024), a antologia reúne quinze histórias de horror inéditas escritas pelo ponto de vista feminino sobre temas como identidade, maternidade, violência e a pressão sob os corpos de mulheres, escritos por autoras como Margaret Atwood, Tananarive Due, Elizabeth Han, Raven Leilani, e mais.

Leia também: Onde vive o horror — Escritoras latinas dão fôlego a movimento literário sob e sobre a violência constante no continente

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Quiçá. Luisa Geisler.
Alfaguara • 240 pp • R$ 89,90

Vencedor do prêmio Sesc de Literatura e finalista do Jabuti, em 2012, o romance de estreia da escritora e tradutora volta em nova edição quase treze anos depois. O livro trata das complexidades das relações humanas e da convivência de um jovem que, depois de uma tentativa de suicídio, passa a morar com os tios e a dividir seus dias com sua prima, uma menina reclusa de onze anos.

Ouça também: No podcast 451 MHz, o historiador Hilário Franco Júnior e a escritora Luisa Geisler conversam sobre o Brasil distópico em que vivemos e se ainda há espaço para sociedades utópicas na atualidade

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O indomável: João Carlos Martins entre som e silêncio. Jamil Chade.
Pref. JoAnn Falletta • Record • 196 pp • R$ 59,90

O jornalista paulista, correspondente internacional que mora em Genebra, expõe as facetas públicas e íntimas do maestro e pianista: do pai obcecado pelo sucesso do filho à atrofia das mãos, de uma pequena aventura em Cuba às vésperas da tentativa de invasão da Baía dos Porcos a um recital informal para Leonard Bernstein, da curta passagem pela política ao retorno aos palcos como regente. 

Leia também: Música contra o inferno — Drogas, estupros e virulência verbal marcam livro de memórias do pianista clássico James Rhodes

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Negro sou, negro serei: conversas com Françoise Vergès. Aimé Césaire e Françoise Vergès.
Trad. Leo Gonçalves • Bazar do Tempo • 144 pp • R$ 58 

Em 2004, a cientista política francesa Françoise Vergès se encontrou com o poeta, dramaturgo e ativista martinicano Aimé Césaire na para uma série de entrevistas sobre questões que permearam a obra do escritor. Essas conversas, realizadas na Martinica, formam o cerne do livro, que é completado por um ensaio em que Vergés, que também coautora dos documentários Aimé Césaire face aux révoltes du monde (Aimé Césaire em face das revoltas do mundo).

Leia também: Livros de Frantz Fanon e Aimé Césaire são essenciais para lutar contra o racismo e o colonialismo atuais

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Vapt-vupt
+ novidades quentinhas

A dívida impagável: uma crítica feminista, racial e anticolonial do capitalismo. Denise Ferreira da Silva.
Trad. Nathalia Silva Carneiro, Viviane Nogueira, Jéfferson Luiz da Silva, Roger Farias de Melo, Nicolau Gayão • Zahar • 400 pp • R$ 119,90
No ensaio, escrito originalmente em inglês, a filósofa e artista brasileira se inspira na ficção científica de Octavia Butler para examinar as relações entre colonialidade e capital global a partir de uma perspectiva feminista negra.

O olhar dourado do abismo. Olga Savary.
Instante • 96 pp • R$ 59,90
Nesses contos da poeta (primeira mulher brasileira a lançar um livro inteiramente dedicado a poemas eróticos) todas as histórias são narradas por mulheres e dedicadas a amigos de Savary. 

Mulheres que o feminismo não vê: classe e raça. Patrícia Silva.
Edições 70 • 252 pp • R$ 79
A autora expõe o modo como os feminismos hegemônicosa apresentam problemas que atingem apenas mulheres brancas e de classe média ou alta, revelando as raízes racistas e elitistas do movimento feminista. 

O primeiro gato no espaço e a pizza (quase impossível). Mac Barnett e Shawn Harris.
Trad. Érico Assis • Baião • 320 pp • R$ 69,90
Primeiro volume da série em quadrinhos da dupla dos premiados autores estadunidenses, retrata a saga de um gato concebido em um laboratório secreto, incubido de salvar o mundo de ratos que estão devorando a lua..

O bebedor de vinho de palma: e seu finado fazedor de vinho na Cidade dos Mortos. Amos Tutuola.
Trad. Fernanda Silva e Sousa • Carambaia • 144 pp • R$ 87,90
Considerado pela Time um dos cem melhores livros da  literatura fantástica mundial, o romance do escritor nigeriano narra a saga de um homem que vai à Cidade dos Mortos na esperança de encontrar seu mestre.

A insustentável leveza do ser e outras histórias. Laerte Coutinho.
Conrad • 32 pp • R$ 9,90
Reúne quatro histórias originalmente publicadas nas revistas Circo e Chiclete com banana no final da década de 80, abordam temas como identidade e outros dilemas da sociedade contemporânea.

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Listão da Semana: confira os lançamentos de semanas anteriores