Listão da Semana,

Imagens da branquitude, por Lilia Moritz Schwarcz; Lou Reed; o silêncio da motoserra na Amazônia e mais 16 lançamentos

Vencedora do Jabuti, a historiadora analisa manifestações iconográficas desde o século 16, de fotografias a campanhas publicitárias, para mapear representações da branquitude na sociedade e cultura brasileira

30ago2024

Historiadora, antropóloga, imortal da Academia Brasileira de Letras e branca, Lilia Moritz Schwarcz coloca a branquitude no espelho ao analisar suas manifestações na cultura brasileira em representações visuais (de mapas a monumentos) no ensaio Imagens da branquitude: a presença da ausência, que chega esta semana às livrarias.

Também chegam às prateleiras uma biografia de Lou Reed por Will Hermes; uma análise das políticas ambientais que estão salvando a Amazônia, de Claudio Angelo e Tasso Azevedo; poemas de Luiza Mussnich; um romance de Juan Cárdenas; o diário-poema de Francesca Cricelli; ensaios sobre amor, viagens e a escrita, de Ana Rüsche; a arte de Carmela Gross; a sociobiografia de Didier Eribon sobre sua mãe; o silêncio da história visto por Michel-Rolph Trouillot; e mais novidades quentinhas.

Viva o livro brasileiro!

Veja os lançamentos de semanas anteriores.


Imagens da branquitude: a presença da ausência. Lilia Moritz Schwarcz. 
Companhia das Letras • 432 pp • R$ 99,90

Vencedora do Jabuti e autora de Brasil: uma biografia (Companhia das Letras, 2015) e do infantojuvenil Óculos de cor: ver e não enxergar (Companhia das Letrinhas, 2022), a historiadora e professora titular da USP examina as manifestações iconográficas desde o século 16 até os dias presentes — como mapas, fotografias, peças publicitárias e outros materiais imagéticos — acerca do fenômeno social e cultural da branquitude, enquanto identifica elementos racistas que foram naturalizadas ao longo do tempo em registros visuais.

“No Brasil, boa parte da sociedade branca costuma naturalizar o monopólio dos espaços de poder: detém empregos disputados, ocupa posições elevadas em instituições privadas e públicas, mora em bairros com melhor infraestrutura, conta muito regularmente com maior poder aquisitivo, são os clientes mais habituais de clubes, hospitais de ponta e escolas particulares, e não são alvos diletos da polícia. Essa situação é internalizada a partir da concepção de “mérito”; um conceito sem tempo ou espaço social, perpetuado de geração em geração, sem que o grupo leve em consideração os diferentes contextos históricos, políticos e sociais em que se inseriu e se insere, e que fizeram com que, muitas vezes, ocupasse a posição de vantagem estrutural. A branquitude também cria padrões de beleza e de sociabilidade, ao mesmo tempo que é grande produtora de imagens e, portanto, de imaginários nacionais. Estes, à sua maneira, e como veremos neste livro, ajudam a estabilizar esse cenário — como se fossem naturais.” Leia o trecho na íntegra

Trecho de Lilia Moritz Schwarcz “Imagens da branquitude: a presença da ausência”

Saiba mais sobre o livro

Leia também: Livro da historiadora Lilia Moritz Schwarcz trata de branquitude e formas de ver o mundo

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Lou Reed: o rei de Nova York. Will Hermes.
Trad. Lívia de Almeida • BestSeller • 560 pp • R$ 179,90

Editor da Rolling Stone, o jornalista e crítico de música estadunidense faz um relato biográfico de uma das figuras mais emblemáticas do rock, abordando a carreira de Lou Reed como compositor do grupo The Velvet Underground e episódios de sua vida pessoal. Primeiro biógrafo a conseguir acessar o acervo do compositor na Biblioteca de Nova York, Hermes entrelaça a trajetória de Reed aos seus relacionamentos complexos com David Bowie, Andy Warhol e o parceiro de banda John Cale, suas interações com fãs e jornalistas, e a história cultural da metrópole em que o cantor alcançou o estrelato. 

“No fim de maio de 1960, Lou Reed estava em Freeport, morando com os pais. Art Littman e outro amigo foram visitá-lo. ‘Ele parecia o mesmo. Só um pouco mais trêmulo que o normal. De vez em quando, a voz dele tremia um pouco também’, lembra ele. A mãe de Reed o mimava. Ela preparava o almoço para os rapazes, e eles ficavam ali jogando conversa fora, como sempre. Reed não comentou com os amigos sobre a terapia de choque. ‘Ele contou de um tratamento que estava fazendo para algum problema mental, mas não conseguimos descobrir do que ele realmente estava falando. Também contou que tinha que mergulhar o próprio saco em leite’, Littman riu. ‘[Achamos] que ele estava brincando…’”

Leia o trecho na íntegra e ouça a playlist preparada pela Quatro Cinco Um

Leia tambémUma odisseia roqueira

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O silêncio da motosserra: quando o Brasil decidiu salvar a Amazônia. Claudio Angelo e Tasso Azevedo.
Companhia das Letras • 472 pp • R$ 109,90

O jornalista científico, vencedor do Jabuti por A espiral da morte: como a humanidade alterou a máquina do clima (2016), e o engenheiro florestal e coordenador da iniciativa MapBiomas narram a virada do Brasil entre 2005 e 2012, quando o país reduziu os níveis de devastação na Amazônia e alavancou a luta contra o aquecimento global, a partir de entrevistas com cientistas, ativistas, lideranças indígenas e ex-presidentes da República.

“[…] O silêncio da motosserra: quando o Brasil decidiu salvar a Amazônia reúne perspectivas de duas pessoas imersas no debate, dentro e fora, das políticas ambientais do país: o jornalista Claudio Angelo, autor de A espiral da morte: como a humanidade alterou a máquina do clima, também pela Companhia das Letras, e o engenheiro florestal Tasso Azevedo, principal arquiteto do Fundo Amazônia e de políticas públicas importante para o controle do desmatamento. Ao ler as primeiras páginas, fica evidente o desafio de escolher quais histórias destacar. Devemos começar pelo início ou pelo fim?” 
Leia na íntegra a resenha de Mariana Belmonte 

Leia também: Cronologia dos ataques ao meio ambiente no país revela arsenal de expedientes formais e informais para forçar a passagem da boiada

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Todo o resto é muito cedo. Luiza Mussnich.
Posf. Prisca Agustoni • Bazar do Tempo • 88 pp • R$ 58

A poeta carioca tece poemas-listas e poemas-aforismos que unem ironia e humor para lidar com o tempo em meio às incertezas causadas pela pandemia e por guerras, além de diálogos com referências de Mussnich, como a poesia de Ana Cristina César e o cinema de Agnès Varda. O volume conta com texto de orelha da escritora e ensaísta Heloísa Teixeira, autora de Rebeldes e marginais: cultura nos anos de chumbo (Bazar do Tempo, 2024).

Leia também: Ao juntar os versos de Safo e a situação trágica dos refugiados na Europa, Ana Martins Marques alia política e poética com maestria

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O diabo das províncias. Juan Cárdenas.
Trad. Marina Waquil • DBA Literatura • 152 pp • R$ 64,90

O romancista e crítico de arte colombiano, vencedor do prêmio espanhol Otras Voces, Otros Ámbitos pelo romance Los estratos, narra o retorno de um biólogo sem nome à sua cidade natal. Cheio de preconceitos pela vida provinciana, o personagem é colocado no centro de uma busca policial repleta de racismo, divisões, religiões e conexões frágeis.
Leia também: Narrativas de duas autoras latino-americanas tematizam a violência e as tortuosas contradições da região

Inventário. Francesca Cricelli.
Nós • 80 pp • R$ 60

Diário-poema da poeta e tradutora paulista explora maternidade, desejo, as sensações conflituantes do exílio e as transformações do corpo: “Reconheço um país, mas não o conheço/ faltam-me palavras para adentrar suas tramas/ sob os meus pés a terra treme e do seu âmago o magma/ renasce/ há sete mil anos não se via tanta incandescência./ O meu país não tem nome, mas mora em mim/ é chama ancestral.”

Leia também: Exílio contínuo: O que será que fica de nós num lugar quando o abandonamos? — por Djaimilia Pereira de Almeida


Ferozes melancolias: o amor, a viagem e a escrita. Ana Rüsche.
Rua do Sabão • 124 pp • R$ 60

Com fotografias em preto e branco da própria escritora e pesquisadora, a série de ensaios e crônicas da autora de A telepatia são os outros (Monomito Editorial, 2019) aborda suas reflexões sobre o amor e a escrita, a perda e a desilusão amorosa, inteligência artificial, crise climática e visitas literárias durante suas viagens do Chile à China e de Nova York ao Congo.

Leia tambémEnsaios de Lauren Elkin percorrem cidades e a vida de escritoras que as conheceram com os pés


Vida, velhice e morte de uma mulher do povo. Didier Eribon.
Trad. Luzmara Curcino • Âyiné • 320 pp • R$ 119,90

O escritor francês, autor de Retorno a Reims (Âyiné, 2020), narra a trajetória da própria mãe, uma “mulher do povo”. Eribon traça a imagem dessa mulher desde a infância em um orfanato, os primeiros trabalhos como empregada doméstica e operária, o casamento infeliz, sua internação para cuidados contínuos em uma casa de repouso e, depois, sua morte.

Leia também: Parentes no ramo das autossociobiografias, José Henrique Bortoluci e Didier Eribon escrevem sobre suas origens e mobilidade social

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Terreno baldio. Carmela Gross e Paulo Miyada.
Edições Sesc • 96 pp • R$ 95

A artista plástica e professora destaca alguns de seus trabalhos que transmitem seu olhar crítico sobre o espaço urbano e a arquitetura. Inclui uma conversa entre Gross e Paulo Miyada, curador, pesquisador de arte contemporânea e diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake, sobre a relação das obras de Gross com o urbanismo, a cidade e seus habitantes.

Leia tambémPaulo Miyada, curador de exposição sobre o AI-5, escreve sobre o 31 de março


Silenciando o passado: poder e a produção da história. Michel-Rolph Trouillot.
Trad. Sebastião Nascimento • Cobogó • 264 pp • R$ 92

Falecido em 2012, o antropólogo e professor haitiano parte de eventos históricos como o Holocausto, a escravidão nas Américas e, sobretudo, a Revolução Haitiana — que Trouillot acusa o Ocidente de não reconher como a mais bem-sucedida revolta escrava —, para discutir o poder do discurso histórico oficial, que decide quais narrativas serão contadas e quais serão silenciadas e apagadas.

Leia também: Biografia mostra como a personalidade e o caráter de Toussaint Louverture fazem dele um protagonista que vai além da Revolução Haitiana

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Vapt-vupt
+ novidades quentinhas

Morte em pleno verão. Yukio Mishima.
Trad. Andrei Cunha • Companhia das Letras • 240 pp • R$ 79,90
Contos do escritor e poeta japonês — autor do romance Confissões de uma máscara (Companhia das Letras, 2004), entre outros — sobre temas clássicos de sua literatura, como a degradação do Japão e questões de gênero e transexualidade.

Os desterrados. Horácio Quiroga.
Trad. e apres. Wilson Alves-Bezerra • Iluminuras • 132 pp • R$ 69
Contos do escritor uruguaio sobre a imigração europeia na região da Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai durante a Primeira Guerra Mundial.

Três poetas moderníssimas. Nancy Cunard, Mina Loy e Hope Mirrlees.
Org. e trad. Álvaro A. Antunes Fernandes • Editora 34 • 368 pp • R$ 95
Álvaro A. Antunes resgata as contribuições de três escritoras da vanguarda modernista inglesa durante as primeiras décadas do século 20.

Heróis do blues, jazz & country. Robert Crumb.
Trad. Leo Moretti • Intr. Terry Zwigoff • Darkside • 256 pp • R$ 89,90
O quadrinista estadunidense, autor de Blues (Veneta, 2021), faz um tributo ilustrado à música dos anos 1920 e 1930, com perfis biográficos e retratos dos grandes nomes do blues, jazz e country.

Consultas autônomas. Guilherme Ziggy.
Cobalto • 96 pp • R$ 45
Fora de catálogo há três anos, a nova edição da coletânea de poemas que inspirou uma peça de teatro homônima inclui um prefácio do poeta e ensaísta Claudio Willer.

Hiroshima: a catástrofe atômica e suas testemunhas. Cristiane Izumi Nakagawa.
Benjamin Editorial • 168 pp • R$ 59
Pesquisadora sobre trauma e memória, a psicóloga se debruça sobre o Museu Memorial da Paz de Hiroshima e o papel dos testemunhos dos sobreviventes de catástrofes e genocídios.

Sete lendas indígenas em cordel. Pedro Monteiro.
Ils. Luci Sacoleira • Ciranda Cultural • 80 pp • R$ 39,90
O poeta cordelista piauiense resgata lendas tradicionais de comunidades ameríndias.

Mulheres no hip-hop: apagamento histórico e outras violências. Kika Souza.
LiteraRUA • 304 pp • R$ 59,90
Livro de estreia da pesquisadora em dança reúne cinquenta mulheres brasileiras em discussões sobre machismo e apagamento na cena cultural. 

Tekoá: uma arte milenar indígena para o bem-viver. Kaká Werá.
BestSeller • 176 pp • R$ 54,90
O educador e ambientalista tapuia, autor de A terra dos mil povos: história indígena do Brasil contada por um índio (Peirópolis, 2020), apresenta a sabedoria milenar dos Guarani.

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Listão da Semana: confira os lançame

Quem escreveu esse texto

Iara Biderman

Jornalista, , editora da Quatro Cinco Um, está lançando Tantra e a arte de cortar cebolas (34)

Jaqueline Silva

É estudante de Jornalismo na ECA-USP e assistente editorial na Quatro Cinco Um.