Festival literário,
Mesa extra traz debate sobre queimadas para a Flip
Ativista indígena Txai Suruí e ambientalista e escritor Pablo Casella conversam sobre desastres climáticos na noite de sábado
01out2024 • Atualizado em: 02out2024A programação principal da Flip, que começa na próxima quarta, 9, em Paraty, ganhou uma mesa extra, denominada “Cessar o fogo”. Txai Suruí, liderança indígena e ativista climática, e o ambientalista e escritor Pablo Casella debaterão as origens e efeitos das queimadas que se espalharam pelo Brasil nos últimos meses, as consequências da crise climática, políticas públicas e formas eficazes de combater o fogo. A mediação será de Giovana Girardi.
Em seu livro de estreia, Contra fogo (Todavia), Casella cria uma ficção sobre um brigadista da Chapada Diamantina, na Bahia, trazendo o foco para a questão ambiental.
“Há uma preocupação que concerne à vida nas matas e fontes de água e também à vida humana — a qualidade do ar, o emprego e a manutenção da terra para cultivo. O discurso ambiental ganha espessura porque deixa de ser apenas discurso e se entrelaça à ação narrativa, que articula passado e futuro a partir de um presente para contar a história de um mundo em emergência climática”, escreve Rita Palmeira em resenha para a Quatro Cinco Um sobre Contra fogo.
Txai Suruí, do povo paiter suruí da Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia, é coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental – Kanindé e colunista da Folha de S.Paulo. Ela é hoje uma das vozes mais importantes na luta pelos direitos indígenas e pelo meio ambiente – questões intimamente ligadas.
“Esses homens que estão no poder vão ter que explicar no futuro, não para a gente, mas para os próprios filhos, por que praticaram essa política de morte para as próximas gerações. Temos que entender que essa não é uma luta só nossa. Isso chega primeiro em quem vive às margens, mas vai chegar em todo mundo. Já está chegando, é só ver as enchentes nas cidades. Então eu convido vocês a cobrarem também, a participarem dessa luta”, disse Txai durante sua participação n’A Feira do Livro, em 2023.
A mesa com Txai e Casella será realizada no sábado, 12, às 21h30. A Festa Literária Internacional de Paraty acontece de 9 a 13 na cidade histórica fluminense.
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Programação principal
O senegalês Mohamed Mbougar Sarr, autor de A mais recôndita memória dos homens (Fósforo, 2023, trad. Diogo Cardoso) e o francês Édouard Louis estão na lista das grandes estrelas internacionais deste ano, que ocupam o horário nobre da programação, as duas últimas mesas do sábado, 12 de outubro.
Sarr conversa com um grande nome da ficção nacional, o carioca radicado no Rio Grande do Sul Jeferson Tenório, autor de O avesso da pele (Companhia das Letras). Mediada pela editora e crítica literária Rita Palmeira, a mesa “A memória dos homens” tratará da ancestralidade, masculinidade e um acerto de contas com a história por meio da literatura.
Já Louis, que acaba de lançar no Brasil Monique se liberta (Todavia), será o único convidado com uma mesa solo, mediada pelo jornalista Paulo Roberto Pires, colunista da Quatro Cinco Um. “Procuramos fazer um balanço entre autores muito conhecidos e outros que queremos apresentar para um público maior. Édouard Louis já tem muitos livros publicados no Brasil, as pessoas querem ouvi-lo, é justo deixá-lo numa mesa sozinho para ele poder se espalhar”, disse Ana Lima Cecilio, curadora da edição deste ano.
Outra diferença em relação à programação dos anos recentes é a mesa de abertura com um único convidado — um modelo que já ocorreu em edições mais antigas. Na deste ano, o professor carioca Luiz Antonio Simas fará uma palestra, espécie de aula-show, nas palavras de Cecilio.
Simas é autor de O corpo encantado das ruas (Civilização Brasileira), que dialoga com a A alma encantadora das ruas, de João do Rio. “Já vi Simas falando sobre João do Rio, é uma experiência transformadora. Poucas pessoas têm tanto amor pelas ruas, pela história da cidade, das festas, como o Simas”, disse a curadora.
Na Flip em homenagem ao jornalista que ajudou a formalizar o trabalho de repórter no Brasil, os temas quentes do noticiário também estarão presentes. Na sexta-feira (11), às 12h, a polarização político-ideológica e o papel das redes sociais serão discutidos pelo influenciador Felipe Neto, que acaba de lançar Como enfrentar o ódio, e a jornalista Patrícia Campos Mello, autora de A máquina do ódio e que sofreu, com sua família, ameaças de bolsonaristas após denunciar o esquema das rachadinhas e o uso das redes para espalhar fake news. A mediação é de Fabiana Moraes.
Também na sexta, às 19h, a questão da guerra na Palestina se junta ao desastre ambiental das enchentes de Porto Alegre na mesa “Não existe mais lá”. Com mediação da colunista da Quatro Cinco Um Bianca Tavolari, Atef Abu Saif, palestino que registrou em diário o início dos bombardeios em Gaza, conversa com a escritora Julia Dantas, que também registrou em diário a tragédia causada pelas chuvas e descaso do poder público no Rio Grande do Sul.
Outro tema do momento, a inteligência artificial e o uso de dados pelas big techs, será debatido pelo filósofo belga Mark Coeckelbergh e o livreiro norte-americano Danny Caine, que milita contra a Amazon pelo fortalecimento das livrarias.
E a questão indígena, ambiental e política da Amazônia será abordada em “Saber o passado, mirar o futuro”, em que Raoni, uma das mais antigas lideranças indígenas do país, conversa com Txai Suruí, em sua segunda mesa, com mediação de Guilherme Freitas.
Entre os nomes de destaque na literatura brasileira contemporânea, Bruna Mitrano conversa com José Falero sobre a visão da cidade de quem está fora dos grandes centros, com mediação de Stephanie Borges; Micheliny Verunschk e Odorico Leal debatem as crises formadoras do país, refletidas em seus livros, com mediação de Rita Palmeira.
Da safra de autoras brasileiras contemporâneas, Carla Madeira, Silvana Tavano e Mariana Salomão Carrara falam da “Invenção da linguagem: o romance segue”, mesa de encerramento da Flip, no domingo, 13.Nas dobradinhas entre autores nacionais e internacionais, Eliana Alves Cruz fala com Léonora Miano sobre o racismo e a posição da mulher na resistência à opressão, com mediação de Adriana Ferreira Silva; a filósofa italiana Ilaria Gaspari conversa com a romancista Marcela Dantés, com mediação de Natalia Timerman; Joca Reiners Terron discute as distopias e os apocalipses do mundo contemporâneo com o argentino Juan Cárdenas, mediados por Noemi Jaffe; Robert Jones Jr. e Evandro Cruz e Silva falam do legado de James Baldwin, com mediação de Juliana Borges, colunista da Quatro Cinco Um; Brigitte Vasallo e Geni Núñez conversam sobre monogamias e poliamor, em mesa mediada por Nanni Rios; Jazmina Barrera e Ligia Gonçalves Diniz debatem sobre a mulher na história da literatura, com mediação de Branca Vianna. E a força que a mulher vem ganhando no mundo literário será o tema da mesa com a italiana Lisa Ginzburg e a portuguesa Ana Margarida de Carvalho, mediada por Adriana Ferreira Silva.
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