A cobertura especial d’A Feira do Livro, que acontece de 14 a 22 de junho, é apresentada pelo Ministério da Cultura e pela Petrobras
MINISTÉRIO DA CULTURA E PETROBRAS APRESENTAM

A FEIRA DO LIVRO 2025, Editora 451,
Não entender é premissa para conversar, diz Edimilson de Almeida Pereira
Poeta e ensaísta mineiro falou n’A Feira do Livro sobre o sentimento de liberdade na escrita de livros infantojuvenis
16jun2025Transitando entre uma prosa firme e uma poesia inventiva, Edimilson de Almeida Pereira não limita seu fazer literário a nenhum tipo de tema ou linguagem. Durante a mesa Poesia para os pequenos, que aconteceu no sábado (14) n’A Feira do Livro 2025, o vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura falou ao público sobre a necessidade de ampliar o campo de expressão das palavras e provocar estranhamento através delas — algo que, para o autor, somente os livros infantis permitem.
Na conversa mediada pela cantora Tatiana Nascimento, que também escreve poemas, Pereira disse que sua escrita não se limita à sua realidade particular. Para além das temáticas afro-brasileiras e pesquisas sobre religiosidades de matriz africana que permeiam Entre Orfe(x)u e Exunouveau: análise de uma estética de base afrodiaspórica na literatura brasileira (2022) e A saliva da fala: notas sobre a poética banto-católica no Brasil (2023), ambos publicados pela editora Fósforo, o autor também explora uma linguagem inventiva nos poemas que escreve para crianças.
O processo de criação dessa linguagem “sem limites” envolve a retomada de elementos da infância do próprio autor. Pereira contou que, através dos recursos visuais, racionaliza as formas e objetos presentes em suas memórias de menino, que nem sempre fazem muito sentido. “Tentar ordenar o mundo, às vezes até com objetos que não são muito relacionados um com outro, permite acessar não só a infância que eu tive, mas que todos têm”, afirmou.
Desentender para mediar
O autor define a ausência de ligação direta entre elementos de suas histórias como um “ilogismo do real”. Em Um menino de caracóis na cabeça (Paulinas), por exemplo, ele explora essa linguagem não real e inventada, característica das formas de comunicação das crianças. “Tudo na lógica da criança é um processo de invenção comunicacional”, explicou.
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Para o poeta, é melhor não ser compreendido: “Eu acho muito legal quando o público não me entende, porque quando não me entende é que dá pra conversar. O mundo só funciona quando não há entendimento e existe mediação”. Por isso, o caráter nada óbvio de sua escrita é proposital.
Pereira disse ser mais complexo fazer poesia para os pequenos: “Há uma dificuldade muito maior no processo criativo. Você lida com um leitor muito mais crítico e direto do que o leitor adulto. Então, envolve técnicas mais complexas”, afirmou o autor, que este mês publica Coisa sim, coisa não (FTD), em que dá continuidade à sua exploração criativa da linguagem.
A quarta edição d’A Feira do Livro 2025 acontece de 14 a 22 de junho, na praça Charles Miller, no Pacaembu. Realizado pela Associação Quatro Cinco Um, pela Maré Produções e pelo Ministério da Cultura, o festival literário paulistano, a céu aberto e gratuito, reúne mais de duzentos autores e autoras do Brasil e do exterior em uma programação com mais de 250 atividades, entre debates, oficinas, contações de histórias e encontros literários. Confira a programação e outras notícias do festival.
A Feira do Livro 2025 · 14 — 22 jun. Praça Charles Miller, Pacaembu
A Feira do Livro é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet – Incentivo a Projetos Culturais, Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos dedicada à difusão do livro e da leitura no Brasil, Maré Produções, empresa especializada em exposições e feiras culturais, e em parceria com a Prefeitura de São Paulo.
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