A Feira do Livro,
Polis mista: A Feira do Livro 2023
Pensadores e autores de vários cantos se encontram para debater livros e ideias
07jun2023 | Edição #70Do Amazonas a Camarões, de Porto Alegre a Veneza, de Minas Gerais aos Estados Unidos, da Bahia ao Marrocos, do Rio de Janeiro à França, do Piauí à Suiça, os autores convidados d’A Feira do Livro 2023 têm origens tão diversas quanto uma boa salada mista. A variedade também vale para os temas sobre os quais escrevem e, portanto, compartilham nestes dias de festival. Em dois palcos, cerca de cinquenta autores brasileiros e estrangeiros debatem literatura, poesia, ciência, história, arte, direitos humanos, saberes tradicionais e outras milongas mais.
Mesclando visões e cosmovisões, escritos de e sobre povos indígenas serão discutidos pelos líderes indígenas David Kopenawa e Txai Suruí e pelos antropólogos Aparecida Vilaça e Pedro Cesarino, todos escritores.
Aliando literatura brasileira ao nosso passado colonial, Itamar Vieira Junior fala de Salvar o fogo (Todavia), dedicado a seu pai, descendente de negros e indígenas massacrados na região. Eliane Marques apresenta seu Louças de família (Autêntica) e a contista mineira Geni Guimarães fala de uma nova fase de sua obra, que foca em parentes, amores e perdas. É também sobre a morte que escrevem a italiana Ginevra Lamberti em seu segundo romance, Por que começo do fim (Âyine), e Samir Machado de Machado em seu romance policial O crime do bom nazista (Todavia).
O pensamento feminista negro, foco da coluna de Juliana Borges na revista e de sua curadoria na Feira, é representado no palco por intelectuais de diferentes gerações, entre elas Cida Bento, Sueli Carneiro, Patricia Hill Collins, Winnie Bueno e Bianca Santana.
Outros mundos historicamente marginalizados e que assumem protagonismo na produção literária são ofertados na Feira. No final de semana da parada gay, a literatura lgbtqia+ é discutida por pessoas que se identificam com a sigla, como o poeta norte-americano Jericho Brown, o intelectual franco-marroquino Abdellah Taïa, a ensaísta francesa Fatima Daas, o romancista camaronês Max Lobe e os paulistas João Silvério Trevisan e Diogo Bercito.
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A Feira traz ainda outras interpretações: o tradutor Richard Zenith decifra Fernando Pessoa, a poeta e slammer Luiza Romão analisa poesia, e músicos brasileiros dão o tom da festa no interlúdio musical diário. Trazendo harmonia a essa salada de frutas, seja através da ficção seja da não ficção, fazem parte da programação grandes artistas contemporâneos que com suas produções nos ajudam a interpretar passados e o presente.
Esse é também o desafio diário de jornalistas, com destaque àqueles que cobriram os quatro anos do governo Bolsonaro, como relata o editor-chefe do Nexo, Conrado Corsalette, em Uma crise chamada Brasil (Fósforo), sobre o qual fala na Feira. O jornalista Eugênio Bucci debate a era da incerteza e o trio do podcast Foro de Teresina faz uma sessão ao vivo do programa no domingo.
Bibliodiversidade
No quesito expositores, contamos com rica bibliodiversidade entre os mais de 130 expositores — a lista e o local de cada tenda podem ser consultados no mapa (p. 8 e 9). Das editoras quilombolas, periféricas e independentes aos grupos editoriais, das livrarias de bairro às grandes redes, além de outras instituições ligadas ao livro e à leitura, a praça estará cheia de livros, lançamentos, sessões de autógrafo e leitura, oficinas etc. Aproveite!
Matéria publicada na edição impressa #70 em maio de 2023.
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