Para quem tem fome de bola

Não é por acaso que A Feira do Livro acontece, desde a sua primeira edição no ano passado, na praça Charles Miller, diante do emblemático estádio do Pacaembu. A programação do festival literário está totalmente integrada à praça, local democrático por onde circulam milhares de torcedores em dias de jogo.

Palco de boa parte das mesas literárias, o auditório Armando Nogueira, no Museu do Futebol, terá uma homenagem a Pelé na quinta (08), às 12h25. O rei do futebol, morto em dezembro, será tema da conversa entre o crítico de arte Lorenzo Mammì e o historiador Luiz Antonio Simas, autor de, entre outros, Maracanã: quando a cidade era terreiro (Mórula, 2021). Botafoguense e cariocólogo de alta patente, Simas voltará ao palco Praça no mesmo dia, às 15h, na mesa “A alma encantada das ruas”, ao lado da professora de direito Bianca Tavolari, colunista da Quatro Cinco Um.

Parceiro de primeira hora da Feira, o Museu do Futebol estará de portas abertas, oferecendo 50% de desconto no ingresso nos dias do evento, de 7 a 11 de junho. Em cartaz por lá até 28 de agosto, a exposição Rainhas de Copas conta a história do esporte entre mulheres: do decreto-lei assinado por Getúlio Vargas que as proibiu de jogar bola, em 1941, à conquista da equidade salarial com os atletas homens, em 2022.

Em clima de Copa do Mundo de futebol feminino, que começa em julho na Austrália e na Nova Zelândia, a mostra também destaca as principais craques da modalidade e traz informações inéditas sobre a história dos mundiais. Até hoje, foram realizadas apenas oito edições da Copa feminina, disputada pela primeira vez quase sessenta anos depois da primeira edição da masculina, no Uruguai, em 1930.

Olho no lance

Entre os mais de 130 expositores que ocuparão o espaço ao ar livre da praça, algumas editoras também focam no futebol. É o caso da Onze Cultural, que lançou no ano passado a Biografia das Copas (2022), de Thiago Uberreich, e da Mórula Editorial, que publicou neste ano Memórias de um time de esquina, de Francisco Oliva, e O mau humor de chuteiras, de Marcelo Dunlop.

A história do jogo — incluindo sua evolução tática do 2-3-5 ao 3-6-1 — é descrita em A história do futebol para quem tem pressa, de Márcio Trevisan (Valentina). Já o contexto social que envolve o futebol é analisado em outros estudos clássicos: As relações étnico-raciais e o futebol do Rio de Janeiro, de José Jairo Vieira (Mauad X); Torcidas organizadas na América Latina, de Bernardo Borges Buarque de Hollanda e Onésimo Rodriguez Aguilar (7Letras); Futebol de raça e classe, de Lucas Santos Café (Appris); além de Maracanã: quando a cidade era terreiro, de Simas.