i

A cobertura especial d’A Feira do Livro, que acontece de 14 a 22 de junho, é apresentada pelo Ministério da Cultura e pela Petrobras

MINISTÉRIO DA CULTURA E PETROBRAS APRESENTAM

Pedro Bandeira n’A Feira do Livro (Camila Almeida)

A FEIRA DO LIVRO 2025,

Pedro Bandeira, Andréa Del Fuego, Marcelo D’Salete e Cidinha da Silva encontram pequenos leitores

Autores estiveram no Espaço Rebentos neste sábado (21); programação também incluiu bate-papos sobre literatura japonesa e pterossauros do Brasil

22jun2025

Neste sábado (21), grandes autores da literatura infantojuvenil se encontraram no Espaço Rebentos, palco infantil d’A Feira do Livro 2025. Durante a manhã, a escritora e historiadora Cidinha da Silva e o quadrinista e professor Marcelo D’Salete falaram sobre livros para crianças que apresentam saberes ancestrais da cultura afro-brasileira. À tarde, os escritores Pedro Bandeira e Andréa Del Fuego discutiram o poder da literatura infantojuvenil e a urgência de ampliar o acesso à leitura. 

Na mesa Culturas irmãs, Silva, autora de O mar de Manu (Yellowfante) e D’Salete, que publicou neste ano Luanda no terreiro (Companhia das Letrinhas), apontaram a fabulação como caminho para o diálogo com os pequenos leitores e defenderam que falar de cultura afro-brasileira é falar de coisas basilares para o Brasil. “Falar de orixá não é falar de religião, mas de Brasil. As matrizes culturais africanas deram o chão para o Brasil, não seríamos o que somos sem elas. É disso que a gente trata na nossa literatura”, afirmou sobre os escritos dela e de Marcelo D’Salete.

Cidinha da Silva e Marcelo D’Salete (Camila Almeida)

Diferentemente de Silva e D’Salete, que se aproximaram da literatura infantil devido à presença de crianças na família, Pedro Bandeira e Andréa Del Fuego foram introduzidos ao gênero de forma diferente. No bate-papo mediado por Jaqueline Silva, curadora do Espaço Rebentos e assistente editorial da Quatro Cinco Um, os escritores contaram que não nasceram em famílias de leitores, mas viram na literatura infantojuvenil um instrumento de libertação. 

Segundo Bandeira, conhecer palavras e a língua é construir um arsenal para pensar melhor. Concordando com o escritor, Andréa Del Fuego relembrou sua infância e a vez em que escreveu uma carta para a sua mãe pedindo para que ela comparecesse à reunião da escola, e outra, desejando feliz aniversário para o pai. “Pela leitura e escrita consegui me conectar com os meus pais e com os professores, ou seja, com as instâncias de poder”, contou. 

Pedro Bandeira, Andréa Del Fuego e Jaqueline Silva (Camila Almeida)

O autor de A droga da obediência, escrito em 1984 — um ano antes do fim da ditadura militar —, torce para que a leitura sirva eternamente para eliminar aparatos de repressão. Mas para que isso seja possível, segundo o escritor, é preciso ampliar o acesso ao sistema educacional desde a infância. “Nós nunca tivemos democracia nesse país. Ela começa pela oferta das oportunidades, que é a educação. Nossa história é de baixa educação, mas estamos progredindo: veja essa feira de livros ao ar livre”, disse. 

Paleontologia e literatura japonesa no Espaço Rebentos

A programação infantil d’A Feira deste sábado (21) também levou os pequenos em uma viagem à Era Mesozoica. O paleontólogo Luiz Eduardo Anelli apresentou fósseis, dentes de dinossauros, coprólitos e pegadas para seu bate-papo sobre pterossauros do Brasil no Espaço Rebentos. 

Luiz Eduardo Anelli n’A Feira do Livro (Camila Almeida)

Autor de ABCDinos e O guia completo dos dinossauros do Brasil, ambos publicados pela Peirópolis, Anelli contextualizou cada vestígio e encantou as crianças do público — que eram tão fãs de dinossauros quanto ele. 

Mesa Histórias que cruzam o oceano (Camila Almeida)

O dia encerrou com a mesa Histórias que cruzam o oceano, mediada por Rita Kohl, que recebeu as autoras Janaina Tokitaka e Lúcia Hiratsuka. Durante a conversa, as escritoras falaram sobre suas inspirações nas histórias do Japão que as encantaram na infância e desbancaram ideias estereotipadas sobre a cultura japonesa: “A gente não quer ser, soar ou comunicar exótico, que é algo que o mercado já pediu para gente”, afirmou Tokitaka. 

A quarta edição d’A Feira do Livro 2025 acontece de 14 a 22 de junho, na praça Charles Miller, no Pacaembu. Realizado pela Associação Quatro Cinco Um, pela Maré Produções e pelo Ministério da Cultura, o festival literário paulistano, a céu aberto e gratuito, reúne mais de duzentos autores e autoras do Brasil e do exterior em uma programação com mais de 250 atividades, entre debates, oficinas, contações de histórias e encontros literários. Confira a programação e outras notícias do festival.

A Feira do Livro 2025 · 14 — 22 jun. Praça Charles Miller, Pacaembu

A Feira do Livro é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet – Incentivo a Projetos Culturais, Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos dedicada à difusão do livro e da leitura no Brasil, Maré Produções, empresa especializada em exposições e feiras culturais, e em parceria com a Prefeitura de São Paulo.