A cobertura especial d’A Feira do Livro, que acontece de 14 a 22 de junho, é apresentada pelo Ministério da Cultura e pela Petrobras
MINISTÉRIO DA CULTURA E PETROBRAS APRESENTAM

A FEIRA DO LIVRO 2025,
Flores, psiquiatria, bruxaria: o que rolou nos Tablados Literários neste domingo
Neide Rigo, Vera Iaconelli, Bianca Santana, Maria Adelaide Amaral e Andréa Del Fuego foram alguns dos nomes que estiveram na programação paralela
16jun2025O resgate das florestas nativas na cidade foi o alerta que deu início à programação dos Tablados Literários d’A Feira do Livro neste domingo (15). Em conversa na mesa Flores no asfalto, que lotou o Espaço Motiva Tablado Literário, a nutricionista Neide Rigo, conhecida por seu olhar sobre alimentos não convencionais, encontrou o botânico Ricardo Cardim, especialista em restauração da biodiversidade.
No Tablado Literário Mário de Andrade, os jornalistas Marina Lourenço e Tayguara Ribeiro participaram da mesa Os quilombos de ontem e hoje, mediada pela colunista da Quatro Cinco Um Bianca Tavolari. Eles falaram sobre o livro O grito dos quilombos: histórias de resistência de um Brasil silenciado (Todavia, 2024), de Lourenço e Ribeiro, que nasceu de uma série de reportagens para a Folha de S.Paulo. Depois de viajarem para oito estados brasileiros, os dois contaram as histórias dessas comunidades: “A ideia era a pluralidade dos quilombos, do ponto de vista deles”, disse Lourenço.
Os tradutores Irineu Franco Perpétuo e Maria Vragova e a artista visual Anna Cunha participaram da mesa A literatura russa da primeira metade do século 20 a partir da obra de Ivan Búnin e Andrei Platônov, que aconteceu no Tablado Literário das Bancadas. Na ocasião, Perpétuo falou da agitada vida amorosa de Búnin, de quem traduziu a obra Alamedas escuras (Ars et Vita, 2024), que chegou a ter três capítulos censurados na União Soviética dado seu alto grau de erotismo para os padrões na época. Vragova e Cunha, que trabalharam na edição recém-publicada de O amor pela pátria e outras histórias (Ars et Vita, 2025), de Platônov, trataram do protagonismo da criança na obra do autor.
Muito além da psiquiatria foi a mesa em que a psicanalista Vera Iaconelli e a psiquiatra Juliana Belo Diniz conversaram, no Espaço Motiva Tablado Literário — lotado e no mais puro silêncio para ouvi-las comentarem os dilemas e limites da psicoterapia hoje.
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Já na hora do almoço, a escritora Paloma Vidal conversou com a jornalista Flávia Péret sobre Coisas presentes demais (Relicário), lançamento de Péret que faz uma reflexão sobre memória, esquecimento e herança a partir da relação entre uma neta e sua avó. A mesa aconteceu no Tablado Literário Mário de Andrade.
Livros de graça
O Tablado Literário das Bancadas também foi palco de distribuição gratuita de exemplares de Casa do Povo: modos de fazer, publicado de forma independente. O livro é resultado de um trabalho coletivo de diversos autores, artistas e designers que fazem parte da tradicional instituição cultural do Bom Retiro, em São Paulo. A publicação, como explicou o diretor artístico da Casa do Povo, Benjamin Seroussi — que assina alguns dos textos —, aborda mais de uma década de projetos.
O domingo teve também a oficina Escrita e criação no Espaço Motiva Tablado Literário, organizada pelo coletivo Manas Escrita. A atividade trouxe trechos impressos de poemas e de prosa de autores como Sylvia Plath, Emily Dickinson, Paulo Leminski, Marguerite Duras, Alice Ruiz, entre outros, que foram distribuídos para o público realizar intervenções artísticas sobre o papel.
No Tablado Literário Mário de Andrade, a escritora e jornalista Bianca Santana conversou com o jornalista Thiago Pechini, da Folha de S.Paulo, sobre o recém-lançado Quem limpa? (Companhia das Letrinhas, 2025), livro infantil em que apresenta uma reflexão bem-humorada sobre o trabalho doméstico. Na conversa, Santana recuperou a história do trabalho do cuidado a partir de autoras como Silvia Federici e destacou como, no Brasil, a herança da escravidão fez do trabalho doméstico por séculos a única opção de renda para mulheres negras.
Desafios à democracia
Intervenções militares, bolsonarismo, integralismo e a extrema direita, além de outros pontos de conflito da política nacional, foram tema da mesa Reflexões sobre os desafios da democracia brasileira, no Espaço Motiva Tablado Literário, com o historiador Carlos Fico e o jornalista Pedro Doria, autores de, respectivamente, Utopia autoritária brasileira (Crítica, 2025) e Fascismo à brasileira (Planeta, 2020).
O Tablado Literário das Bancadas, por volta das 15h30, além da mesa Processos editoriais e o fazer poético nas periferias, que reuniu Maria Nilda de Carvalho Mota (Dinha), Nivaldo Brito e Vilma Lia de Rossi Martin, recebeu a presença dos manifestantes de um ato pró-Palestina que aconteceu n’A Feira.
Clubes de leitura, espaço de reunião e formação de novos leitores foi tema da roda de conversa entre as mediadoras Janine Durand e Luciana Gerbovic. As duas emocionaram o público do Tablado Literário Mário de Andrade ao narrar experiências em clubes de leitura em presídios. “Nosso objetivo é fazer com que cada pessoa sinta que a literatura é para ela”, disse Durand.
No fim da tarde, Maria Adelaide Amaral e Andréa Del Fuego, mediadas pela jornalista Tatiana Vasconcellos no Espaço Motiva Tablado Literário, conversaram sobre O bruxo,escrito por Amaral depois de um diagnóstico de câncer de mama. Enquanto isso, no Tablado Mário de Andrade, os tradutores Francesca Cricelli, Luciano Dutra e Leonardo Pinto Silva conversaram sobre as obras e trajetórias dos autores norueguês e islandês, ambos vencedores do Nobel, na mesa Do silêncio ao Nobel: Jon Fosse e Halldór Laxness. Os três falaram sobre peculiaridades das línguas, desafios e alegrias da tradução e, claro, literatura nórdica. “É tão importante falarmos sobre tradução”, resumiu a mediadora da mesa, Paula Jacob.
Para fechar o domingo, o Tablado das Bancadas recebeu uma convidada internacional: a escritora e ativista cultural sul-africana Zukiswa Wanner, em conversa com Daniel Martins de Araújo, da editora Periferias, que lança Amar, casar, matar e uma reedição de Relatos da vida palestina sob estado de apartheid, publicado originalmente em 2023.
A quarta edição d’A Feira do Livro 2025 acontece de 14 a 22 de junho, na praça Charles Miller, no Pacaembu. Realizado pela Associação Quatro Cinco Um, pela Maré Produções e pelo Ministério da Cultura, o festival literário paulistano, a céu aberto e gratuito, reúne mais de duzentos autores e autoras do Brasil e do exterior em uma programação com mais de 250 atividades, entre debates, oficinas, contações de histórias e encontros literários. Confira a programação e outras notícias do festival.
A Feira do Livro 2025 · 14 — 22 jun. Praça Charles Miller, Pacaembu
A Feira do Livro é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet – Incentivo a Projetos Culturais, Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos dedicada à difusão do livro e da leitura no Brasil, Maré Produções, empresa especializada em exposições e feiras culturais, e em parceria com a Prefeitura de São Paulo.
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JUNHO, 2025