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A cobertura especial d’A Feira do Livro, que acontece de 14 a 22 de junho, é apresentada pelo Ministério da Cultura e pela Petrobras

MINISTÉRIO DA CULTURA E PETROBRAS APRESENTAM

Rita Carelli e Auritha Tabajara (Camila Almeida)

A FEIRA DO LIVRO 2025,

Autores discutem formas literárias não convencionais no Espaço Rebentos

Nos debates desta segunda n’A Feira do Livro 2025, escritores apontam a literatura infantil como caminho para fugir da caretice e transformar realidades

16jun2025

Literatura infantil ajuda não só crianças, mas também adultos, a escaparem da caretice que é ser adulto, analisa o psicólogo e escritor Alexandre Coimbra Amaral n’A Feira do Livro 2025. Nesse e nos outros dois debates que aconteceram nesta segunda (16) no Espaço Rebentos, palco voltado ao universo literário infantojuvenil, os convidados ressaltaram o papel dos livros infantis na descoberta do novo, no resgate dos sonhos e na aceitação da diversidade. 

Para o autor de De onde nascem as perguntas? (Melhoramentos), a literatura infantil, ao estimular vários tipos de verdades, é capaz de furar bolhas, romper com o reacionarismo, sensibilizar e estimular diálogos. “É uma estratégia de prevenção e de promoção de saúde emocional”, disse o terapeuta na mesa A importância da bibliodiversidade na infância, mediada por Renata Nakano, fundadora do Clube Quindim, clube de literatura para crianças. 

Alexandre Coimbra Amaral e Renata Nakano (Camila Almeida)

Bibliodiversidade também foi tema da conversa entre a escritora indígena Auritha Tabajara e a cineasta Rita Carelli. Primeira índigena a se tornar cordelista, Tabajara falou na mesa A poesia dos maracás sobre a importância social de acolher formas de literatura não tão convencionais, como a literatura de cordel: “No Ceará, em qualquer lugar a pessoa vai saber declamar cordel. São pessoas que não sabem ler e escrever, mas sabem declamar”. 

Trazendo ludicidade para A Feira, a poeta exaltou a diversidade para além dos livros. Tabajara foi contra o modelo tradicional das rodas de conversa e propôs dinâmicas durante sua apresentação, que incluiu a encenação de um percurso por aldeias indígenas, a dança do Toré com o maracá e uma contação de história a partir de seu livro Tuiupé e o maracá mágico, publicado no ano passado pela Companhia das Letrinhas, com coautoria de Paula Tôrres e ilustrações de Tai. 

Auritha Tabajara (Camila Almeida)

O escritor, editor e crítico literário Augusto Massi e o ilustrador Daniel Kondo, que juntos publicaram recentemente O eletricista pela Elo Editorial, também estiveram no Espaço Rebentos para falar sobre o processo de criação desse e de outros diferentes livros infantojuvenis que já fizeram ao longo da carreira. A conversa foi mediada por Rita da Costa Aguiar, designer gráfica e editora de arte de livros infantis e juvenis, que (quase) derramou lágrimas ao ler trechos do livro, que discute paternidade. “Se eu ler até o fim, eu choro”, brincou Aguiar.

Augusto Massi e Daniel Kondo (Camila Almeida)

Livros-remédio

Na mesa À luz de uma profissão, a dupla dividiu histórias da produção de livros que fizeram juntos e ressaltaram o poder transformador da leitura: “É uma área que precisa ter um acompanhamento crítico maior. É o livro que forma o imaginário da criança. Se você não mudar o repertório cultural e social, você não pode mudar o país”, disse Massi. “[A literatura infantil] impacta no seu futuro como leitor. A literatura nos transforma mesmo”, completa Kondo. 

Na mesma linha, Auritha Tabajara refletiu sobre a importância da literatura de cordel para a alfabetização das crianças e a iniciação delas na leitura. “Eu acho muito mais fácil as crianças entenderem no cordel aquilo que elas têm dificuldade de escrever, pois chama mais a atenção. É mais fácil para elas gostarem de literatura no cordel do que texto acadêmico”, explica. 

Tirando risadas do público relacionando os livros com remédios, Coimbra Amaral aprofundou o papel terapêutico da literatura infantil. Segundo o psicólogo, livros como Mania de explicação, de Adriana Falcão, e Flicts, de Ziraldo, funcionam como remédio para situações de angústia. “É textura de seda em situações espinhentas”, disse, após emocionar o público com a história de seu filho de dezoito anos que aliviou seu coração partido lendo O grúfalo (Brinque-Book) com o pai. 

A quarta edição d’A Feira do Livro 2025 acontece de 14 a 22 de junho, na praça Charles Miller, no Pacaembu. Realizado pela Associação Quatro Cinco Um, pela Maré Produções e pelo Ministério da Cultura, o festival literário paulistano, a céu aberto e gratuito, reúne mais de duzentos autores e autoras do Brasil e do exterior em uma programação com mais de 250 atividades, entre debates, oficinas, contações de histórias e encontros literários. Confira a programação e outras notícias do festival.

A Feira do Livro 2025 · 14 — 22 jun. Praça Charles Miller, Pacaembu

A Feira do Livro é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet – Incentivo a Projetos Culturais, Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos dedicada à difusão do livro e da leitura no Brasil, Maré Produções, empresa especializada em exposições e feiras culturais, e em parceria com a Prefeitura de São Paulo.

Quem escreveu esse texto

Maria Fernanda Barros

É estudante de Jornalismo na ECA-USP e estagiária editorial na Quatro Cinco Um.