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A cobertura especial d’A Feira do Livro, que acontece de 14 a 22 de junho, é apresentada pelo Ministério da Cultura e pela Petrobras

MINISTÉRIO DA CULTURA E PETROBRAS APRESENTAM

Jochen Volz, Renata Lucas e Pollyana Quintella (Nilton Fukuda)

A FEIRA DO LIVRO 2025,

Artista e curadores pensam o que pode um catálogo de exposição n’A Feira do Livro

A artista Renata Lucas conversou com Pollyana Quintella, curadora da sua última exposição, e Jochen Volz, diretor da Pinacoteca de São Paulo, sobre modelo de publicação alternativo

20jun2025

O catálogo da exposição mais recente de Renata Lucas, que ocupou a Pina Estação até o mês passado, não é como outras publicações do gênero. Além de trazer fotografias e informações sobre as obras da mostra e de outras centrais na sua trajetória artística, foram incluídos diversos projetos que a artista jamais realizou.

Essa divergência entre “livro e documento, projeto e obra”, nas palavras do diretor da Pinacoteca de São Paulo, Jochen Volz, serviu de ponto de partida para uma conversa entre ele, Lucas e a curadora da exposição na Pina Estação, Pollyana Quintella, nesta sexta (20), n’A Feira do Livro.

Renata Lucas (Nilton Fukuda)

O catálogo alternativo foi a solução que encontraram, artista e curadora, para libertar a mostra da obrigação de apresentar uma retrospectiva tradicional. Um formato que, segundo a dupla, não parecia fazer sentido no caso de Lucas — mais conhecida por desenvolver trabalhos específicos para os locais em que serão exibidos, tensionando as noções de público e privado, real e imaginário.

Afinal, por que levar para o interior de um museu peças como Cruzamento (2003), que alterava o traçado de uma calçada no Rio de Janeiro para indicar novas possibilidades de circulação para os pedestres, ou Ontem, Areias Movediças (2013), que inseria pirâmides de areia em porões e sótãos de edifícios na cidade alemã de Kassel durante a exposição Documenta?

Mais: por que fazê-lo especificamente no Pina Estação, cujo prédio abrigava a sede do antigo Dops, o Departamento de Ordem Política e Social, centro de repressão e tortura durante a ditadura militar? 

“Meus trabalhos são todos ficcionais no sentido de que introduzem algo que não está na natureza do lugar em que são erguidos. Você cria aquilo por um momento, e depois aquilo desaparece”, disse Lucas. Uma exposição panorâmica significaria portanto, “uma via que domesticava um trabalho cuja força vem de quando ele responde ao espaço”, acrescentou a curadora.

Natureza mutável

Essa mesma natureza mutável da obra da artista representou, no entanto, um obstáculo no momento de organizar a publicação. Os catálogos das exposições da Pinacoteca são lançados na mesma data em que elas são inauguradas. Isso significou que o catálogo de Domingo no Parque, como a mostra se chamava, foi construído em paralelo com obras que se transformavam a cada dia, dependentes dos mais diversos agentes.

Quintella citou na conversa uma obra que a artista tentou fazer mas não conseguiu, pintando um verso de uma música de Gilberto Gil nas fachadas de vários prédios que podiam ser avistados da janela do quarto andar da Pina Estação. As negociações incluíram desde conversas com os proprietários dos edifícios ao envio regular de ofícios para as instituições que regulamentam o patrimônio público. 

“Entendemos que publicaríamos coisas no livro que não necessariamente faríamos na exposição, mas assumindo isso como parte do projeto, como metodologia da própria Renata”, disse Quintella.

Quem não teve a chance de visitar a exposição, nem de acompanhar o debate n’A Feira do Livro, pode ter um gosto da obra de Renata Lucas nesse catálogo pouco convencional, que traz ainda um ensaio de Pollyana Quintella e uma conversa entre artista e curadora.

A quarta edição d’A Feira do Livro 2025 acontece de 14 a 22 de junho, na praça Charles Miller, no Pacaembu. Realizado pela Associação Quatro Cinco Um, pela Maré Produções e pelo Ministério da Cultura, o festival literário paulistano, a céu aberto e gratuito, reúne mais de duzentos autores e autoras do Brasil e do exterior em uma programação com mais de 250 atividades, entre debates, oficinas, contações de histórias e encontros literários. Confira a programação e outras notícias do festival.

A Feira do Livro
14 a 22 de junho de 2025
Praça Charles Miller – Pacaembu – São Paulo/SP
Entrada gratuita

A Feira do Livro 2025 · 14 — 22 jun. Praça Charles Miller, Pacaembu

A Feira do Livro é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet – Incentivo a Projetos Culturais, Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos dedicada à difusão do livro e da leitura no Brasil, Maré Produções, empresa especializada em exposições e feiras culturais, e em parceria com a Prefeitura de São Paulo.

Quem escreveu esse texto

Clara Balbi