Pequeno Benjamim / Lima Barreto

Uma livraria que não é só uma. Loja de livros infantis de um lado, sebo do outro, e ainda livros novos para o público adulto dispersos nas estantes. Acima da vitrine, dois nomes: Pequeno Benjamim e Livraria Lima Barreto. Prova de que o público infantil se impôs, com títulos coloridos posicionados à esquerda de quem adentra os 40 metros quadrados da loja de galeria em Ipanema. Mas Benjamim convive muito bem com Lima Barreto. Os livros usados ocupam boa parte do lado direito e do mezanino. 

O cronista carioca que tão bem traduziu as mazelas brasileiras dá nome ao sebo desde 2012. O negócio começou on-line, com vendas pela Estante Virtual. Chegou a ter loja no Catete e depois na Tijuca. No começo era tocado só pela professora aposentada Sandra Costa, mas depois foi abraçado pelo filho Pedro e o marido Benjamin, que encerrou um período de dezoito anos dedicado à comunicação da Livraria da Travessa para trabalhar na empreitada familiar.

Eles acabaram se instalando no atual endereço em Ipanema em junho de 2019, pela localização simbólica — a loja disponível para aluguel era a mesma ocupada pela primeira Dazibao, livraria carioca que marcou época décadas antes. Mas também porque concluíram que o bairro concentra muitas bibliotecas particulares valiosas. Potenciais vendedores de bons livros, portanto. 

A Pequeno Benjamim foi aberta inicialmente na loja ao lado, em outubro de 2020. Dois anos e três meses depois, o aumento do aluguel acabou fazendo os dois negócios serem condensados num espaço só. Concluíram que funcionou bem: organizando direito, tem lugar para todos. 

Tudo nasceu da observação do público. Ao chegar em Ipanema, Sandra percebeu que havia uma demanda dos pequenos e tratou de contemplá-los. Além disso, a procura por best-sellers adultos fez os donos passarem a comprar livros novos com esse perfil: uma exceção nas prateleiras, mas que ajuda a incrementar as vendas. 

Quando o distanciamento social da pandemia ficou no passado, aproveitaram para investir nos eventos infantis. Aos sábados, acontecem até dois lançamentos. Tem também bailinho de carnaval e festa junina, aproveitando o espaço da galeria. Outubro, já por três anos consecutivos, é o Mês Ziraldo, com atividades em homenagem ao autor que tão bem escreveu para as crianças. Em 2024, o evento foi em parceria com outras duas livrarias infantis: a Divertida, de Florianópolis, e a Pé de Livro, de São Paulo.

O espaço dedicado aos pequenos leva o nome do patriarca da família, apesar dos protestos dele. “Devia ser Pequena Sandra, porque ela começou tudo, mas concluíram que Benjamim combina mais com o público infantil. Combinamos de, pelo menos, botar o Benjamim com ‘m’, para diferenciar do meu”, diverte-se ele. 

Do outro lado da rua da galeria fica a Livraria da Travessa, com seu extenso catálogo, inclusive de livros infantis. Benjamin garante que é ótimo ter seu negócio pertinho de seu antigo emprego. Vários clientes contam que acabam passando nas duas lojas. 

A família tem um acervo de cerca de dez mil livros na livraria e um estoque extra com outros cinco mil, destinados a vendas na Estante Virtual. Esses ficam dentro do apartamento de Sandra e Benjamin, na Tijuca. “Tem livro para todo lado em casa, mas estamos acostumados a viver assim”, ele diz.

(Helena Aragão visitou a livraria em setembro de 2024)