Megafauna – Copan

Localizado no centro de São Paulo, o Copan tem 1.160 apartamentos, cerca de cinco mil moradores e 32 andares — é o prédio residencial mais populoso da América Latina. O edifício projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 1966, que sempre foi badalado por seu formato em “S”, também ficou conhecido como lar do Bar da Dona Onça e da galeria de arte Pivô. Mas o hype mesmo aconteceu depois da chegada de uma livraria.

Em 2020, a Megafauna inaugurou seu espaço charmoso, situado no térreo do prédio, e provou a teoria de que livros conseguem ativar o comércio de bairro e movimentar o público aos finais de semana. Nos anos seguintes à abertura, restaurantes, galerias e sorveterias chegaram por lá, atraindo jovens artistas, arquitetos, intelectuais — hoje são mais de setenta lojas no edifício. 

Na vitrine, completamente envidraçada, alguns dos cinco mil e quatrocentos títulos fazem companhia a uma placa com os dizeres “livros no centro”, mote da livraria e um trocadilho na medida — é quase impossível não entrar. “A Megafauna tem algumas preocupações na composição do seu acervo: diversidade de gênero, raça e de casas editoriais. Isso significa que estamos sempre em busca de editoras pequenas e independentes, de vários lugares do país, mas temos também os lançamentos das maiores editoras”, me disse Rita Palmeira, curadora da livraria.

Lá dentro, o clima cool é reforçado por colunas de cimento, projetadas por Niemeyer. Estantes e mesas exibem leituras diversas e “do momento”, com títulos sobre questões indígenas, feminismos e gênero despontando entre lançamentos literários. Logo na entrada, dá para ver o cuidado com a seleção dos livros que estão nas suas estantes, com autoria feminina e LGBTQIA+. Uma das prateleiras é dedicada exclusivamente a autores negros (lançamentos ou não). Nessa altura, os visitantes costumam já ter tirado uma ou mais fotos — do prédio, da vitrine, das modernas cadeiras laranjas sob luzes amarelas, perfeitas para folhear um livro. Vale o registro. 

Quem visita no início da noite, ainda tem boas chances de acabar em um evento de lançamento — durante a semana, leitores disputam um dos poucos lugares sentados, ou um canto dos 216 m2 para ouvir disputadas conversas com autores. A livraria também tem projetos que vão além da venda de livros, como os podcasts Copan: edifício em movimento, o Vinte Mil Léguas, que tem três temporadas e começou em parceria com a Quatro Cinco Um, e o Livros no Centro. Além disso, a livraria passou a oferecer cursos literários presenciais. A continuidade desses projetos, no entanto, depende de parcerias.

No fundo da livraria, separado por uma parede de vidro, há outro lugar disputado: o restaurante Cuia, um refúgio nos momentos em que a leitura precisa de uma pausa. Além do espaço no Copan, em 2024 a Megafauna abriu sua segunda unidade no Cultura Artística, teatro que reabriu em agosto após dezesseis anos em reforma depois do incêndio que o destruiu em 2008. Apesar de ter 90 m², a loja tem cinco mil títulos no acervo, que segue a mesma curadoria da unidade do Copan.