Caraíbas

“Se for de paz, pode entrar.” A frase de Jorge Amado estampa o capacho posicionado na entrada da Livraria Caraíbas, inaugurada em agosto de 2024 no bairro da Pompeia, em São Paulo. Fundada por João Mendes Júnior, que comanda também a livraria do Espaço Petrobras de Cinema — novo nome do tradicional complexo de salas na rua Augusta —, a Caraíbas ocupa uma casinha de dois andares na rua que lhe dá nome.

Acostumado com o público cinéfilo, mais interessado em títulos especializados na área, João se deparou na nova e mais tranquila vizinhança com leitores ávidos por ficção brasileira e internacional. “É cedo para dizer, mas acho que o que está vendendo mais é literatura bem contemporânea: autores que estão na mídia, na boca do povo e que as pessoas antenadas aqui do entorno querem conhecer”, acredita.

No acervo da Caraíbas estão também clássicos, títulos de não ficção, quadrinhos e uma seção dedicada à literatura infantil, que ocupa um espaço com paredes coloridas e mobiliário ajustado aos pequenos leitores e leitoras.

Antes de se tornar livraria, o pequeno sobrado abrigava um pastifício — fábrica artesanal de massas. Os equipamentos e os ares industriais foram sendo pouco a pouco removidos para dar lugar às estantes. A antiga escada de madeira bem no meio do salão precisou ser restaurada e hoje é uma espécie de vedete do espaço, conduzindo o visitante da seção de ficção (no primeiro andar) para a de não ficção (no segundo).

A inauguração foi anunciada com cartazes na vitrine: “Que legal, aqui vai ser uma livraria”. Não demorou para que a notícia começasse a se espalhar. Em apenas uma semana depois de ganhar sua página no Instagram, a Caraíbas já acumulava quase quatrocentos seguidores. “A melhor parte está sendo realmente o acolhimento dentro do bairro. Essa sensação de que ‘aqui faltava uma livraria’ e agora não falta mais, de já ter fidelizado uma parte dos clientes”, comemora João Mendes.

Com 131 metros quadrados, a Caraíbas conta com um pequeno café e um terraço aberto. Antes mesmo de completar um ano, a livraria já ostenta uma programação de encontros, bate-papos com autores, pequenos lançamentos e um clube do livro especializado em literatura francófona. Os planos incluem um curso de escrita no espaço.

“A gente tem uma pretensão de ser formador de público e o legal do clube é que ele é bem heterogêneo. É um clube de fruição de leitura, de vizinhos com formações diferentes e pessoas de todas as idades”, celebra o fundador.