Blooks – Botafogo

Quando inaugurou a Blooks, Elisa Ventura tinha só uma certeza: mais do que um comércio de livros, queria montar um lugar com vocação para promover encontros. Instalada em 2009 dentro do antigo Espaço Itaú de Cinema, na orla do bairro carioca de Botafogo, a livraria logo abraçou editoras independentes que estavam se consolidando naquela época. 

“Eu misturava obras de editoras grandes e pequenas nas vitrines. E tanto no acervo quanto nos eventos, dávamos espaço para a temática preta, LGBTQIA+, quando esse tipo de discussão ainda não estava tão em evidência. Ao longo do tempo, a gente só reforçou essa ideia de diversidade”, diz a proprietária. 

Ela já vinha de algumas experiências no mercado editorial: foi sócia da escritora e crítica literária Heloisa Teixeira (então Buarque de Hollanda) na editora Aeroplano e, em livraria, tinha passado pela Empório das Letras, no hall do cinema São Luiz, no largo do Machado. Um cinema acabou levando a outro. Ventura começou a administrar a livraria do Espaço Itaú e então teve oportunidade de ficar com o negócio. Aí começou a dar a sua cara à empreitada. E um novo nome: Blooks era o título de uma exposição que tinha feito com Heloisa Teixeira sobre livros surgidos a partir de blogs. 

Com o tempo, a empresária foi aprendendo a expandir os negócios — e a dar passos atrás quando necessário. Chegou a abrir duas filiais em São Paulo, no Shopping Frei Caneca e na Reserva Cultural, ambas fechadas na pandemia. Na mesma época, também fechou a loja do Estação, outro cinema de Botafogo. Já em Niterói, onde a Blooks aberta no Reserva Cultural da cidade acabou igualmente fechada, outra vingou no bairro de Icaraí, dentro da Universidade Federal Fluminense, a UFF. 

Imune às despedidas, a primeira Blooks segue firme mesmo com os desafios pós-pandemia e, no caso da loja em Botafogo, outros agravantes. Não bastasse os cinemas terem demorado mais do que outros estabelecimentos a retomar a programação normal, o que abriga a livraria acabou mudando de mãos — desde maio de 2024 é administrado pela rede Cinesystem, o que acarretou uma nova batalha para atrair o público. Uma robusta agenda de eventos, de lançamentos a encontros literários como o clube de leitura Leia Mulheres, ajudou a aumentar a frequência de leitores. 

A rede ainda mantém uma unidade no Paço Imperial, centro cultural no centro do Rio, e participa de uma experiência coletiva na casa da Junta Local, organização comunitária de pequenos produtores gastronômicos da cidade. 

Além das lojas, Elisa Ventura faz questão de participar de eventos diversos, não só literários. A Blooks já foi livraria oficial da SP-Arte e ArtRio, dedicadas às artes visuais, da Flupp, a Festa Literária das Periferias, e do festival musical Back2Black, entre outros. Ela também toca o projeto Blooks nas Escolas, que leva feiras literárias a estudantes. “Sempre essa ideia de, parafraseando Milton Nascimento, levar o livro aonde o povo está, seja qual for o povo”, comenta a livreira.