A cobertura especial d’A Feira do Livro, que acontece de 14 a 22 de junho, é apresentada pelo Ministério da Cultura e pela Petrobras
MINISTÉRIO DA CULTURA E PETROBRAS APRESENTAM


A FEIRA DO LIVRO 2025,
Espaço Rebentos estreia com música e bate-papos lúdicos com autores
Primeiro dia da programação infantil d’A Feira do Livro teve show do Barbatuques e conversas com o poeta Edimilson de Almeida Pereira e a escritora Silvana Rando
15jun2025O frio da manhã deste sábado (14) em São Paulo não espantou pequenos e grandes leitores na inauguração do novo palco infantil d’A Feira do Livro. O Espaço Rebentos ficou lotado para o pocket-show da banda Barbatuques, grupo que mistura música cantada com percussão corporal. A plateia repleta de crianças de todas as idades, pais e acompanhantes, participou da apresentação reproduzindo os sons que os integrantes do grupo ensinaram a fazer com a boca, as mãos, os pés e outras partes do corpo.
Os membros do grupo percussivo, que também são autores de títulos para o público infantojuvenil, exploraram na apresentação os livros Barbatuques: músicas, jogos e brincadeiras, que ensina a fazer música com o corpo em atividades lúdica, e ABCTuques, voltado à primeira infância — ambos foram lançados em 2024 pela editora Peirópolis.

O primeiro inclui um pôster com um “mapa” de sons corporais. “É um glossário de sons que o nosso corpo pode produzir”, explicou Giba Alves, um dos cinco integrantes da banda que se apresentaram n’A Feira do Livro. A diversidade de sons corporais, ele acrescentou, passa, por exemplo, pelas diversas formas de bater palmas, que produzem, cada uma, um som peculiar.
As crianças e adultos que acompanharam o show passearam ainda pelos sons da floresta (a plateia imitou o canto de pássaros e o barulho de animais selvagens), de fazendas (mugidos e relinchos soaram na tenda do Espaço Rebentos), cidades (ecoaram buzinas e carros em movimento) e praias (foi a vez do barulho de ondas e gritos característicos de vendedores ambulantes). A apresentação teve ainda canções infantis populares como “O sapo não lava o pé” e terminou ao som de “Baianá”, uma das músicas mais conhecidas da própria banda Barbatuques.
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A diversão não acabou por aí no Espaço Rebentos: os pequenos leitores também puderam se engajar no universo literário durante a oficina com a publicitária Camila Sardinha, que se baseou no livro O retorno dos gatos alados (Glida/Aleph), de Ursula K. Le Guin, para desenvolver as atividades. Na dinâmica, as crianças fizeram gatinhos em formato de paperdoll inspirados nos personagens do livro.
Gildo e amigos
Além das atividades lúdicas, bate-papos com autores preencheram a programação infantil d’A Feira do Livro 2025. A escritora e ilustradora Silvana Rando marcou presença em uma conversa com a professora e pesquisadora Maria Cristina Perez Villas. Vencedora do Jabuti por Gildo (Brinque-Book, 2010), a autora falou a leitores jovens e adultos sobre seu processo criativo e os elementos autobiográficos presentes em suas obras. “Tudo que eu coloco nos livros é memória da minha infância”, disse.

Em livros como Amigos, também publicado pela Brinque-Book, Rando agregou suas próprias vivências e discutiu como a amizade e o contato com a natureza podem afastar as crianças do uso excessivo das telas e assim combater o isolamento das infâncias. Para abordar esses temas, a ilustração anda lado a lado com o texto, contou a autora. “Tento trazer uma narrativa cruzada entre texto e imagem, que dão um temperinho a mais na história”.
A cooperação artística entre a escrita e a ilustração também foi tema da conversa com o poeta Edimilson de Almeida Pereira, mediada por Tatiana Nascimento, cantora e compositora que também é autora de poesias. O vencedor do Prêmio Oceanos compartilhou com o público a sua relação com a literatura infantojuvenil, destacando a maior complexidade em escrever para crianças. “Há uma dificuldade muito maior no processo criativo. Você lida com um leitor muito mais crítico e direto do que o leitor adulto”, afirmou.
Ampliações
Pereira ainda falou sobre ir além das temáticas afrodescendentes e da necessidade de ampliar o campo de expressão das palavras e provocar estranhamento através delas — algo que somente os livros infantis permitiram ao autor. “Tudo na lógica da criança é um processo de invenção comunicacional”, explicou. Este mês, ele publica Coisa sim, coisa não (FTD), em que dá continuidade a essa imensidão criativa da linguagem.
Nos dois bate-papos, as crianças fizeram perguntas e interagiram com os escritores. Enquanto Pereira respondeu sobre qual livro mais gostou de ter escrito (disse que o último costuma ser o mais gostoso), Rando foi questionada se gosta do que faz. “Sim! Às vezes minha maior preocupação é como fazer uma asa de uma barata”, respondeu. Logo depois, ela desenhou ao vivo uma barata para o público.
A quarta edição d’A Feira do Livro 2025 acontece de 14 a 22 de junho, na praça Charles Miller, no Pacaembu. Realizado pela Associação Quatro Cinco Um, pela Maré Produções e pelo Ministério da Cultura, o festival literário paulistano, a céu aberto e gratuito, reúne mais de duzentos autores e autoras do Brasil e do exterior em uma programação com mais de 250 atividades, entre debates, oficinas, contações de histórias e encontros literários. Confira a programação e outras notícias do festival.
A Feira do Livro 2025 · 14 — 22 jun. Praça Charles Miller, Pacaembu
A Feira do Livro é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet – Incentivo a Projetos Culturais, Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos dedicada à difusão do livro e da leitura no Brasil, Maré Produções, empresa especializada em exposições e feiras culturais, e em parceria com a Prefeitura de São Paulo.
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