Listão da Semana,
Por que reler Marx
Mais de 150 anos depois da primeira publicação de O Capital, obra fundamental para interpretar o mundo contemporâneo volta às prateleiras
15maio2025Mais de 150 anos depois da primeira publicação do livro 1 de O Capital, os três volumes desta obra fundamental para interpretar o mundo contemporâneo voltam às prateleiras com a tradução de Regis Barbosa e Flávio R. Kothe (coordenada por Paul Singer) totalmente revisada e o material inédito com as alterações da primeira edição francesa — feitas pelo próprio Marx. É “uma oportunidade de reler o livro em seus próprios termos, sem as amarras impostas pelas disputas de interpretação que marcaram sua recepção”, escreve Fernando Rugitsky na sua introdução, na qual aponta o potencial da obra de iluminar as transformações socioeconômicas da atualidade.
Também na seleção de lançamentos: memórias de infâncias marcadas pela ditadura militar; Ideologia: uma introdução, de Marilena Chaui; uma autobiografia da uruguaia Cristina Peri Rossi; ensaios sobre poesia, de Marília Garcia; reflexões sobre o futuro da Amazônia, organizadas por Marcos Colón; um ensaio sobre o tempo, de François Hartog; as memórias do editor Luiz Schwarcz; A ciência encantada de Jurema, por Marcelo Leite; e mais novidades quentinhas.
Veja os lançamentos de semanas anteriores.
O capital. Karl Marx.
Trad. Flávio R. Kothe, Regis Barbosa e Nélio Schneider // Intr. Fernando Rugitsky // Ubu // 2384 pp // R$ 459
Mais Lidas
Box da nova edição do clássico do economista, filósofo e teórico político alemão Karl Marx (1818-1883), resgata a aclamada tradução de Regis Barbosa e Flávio R. Kothe e incorpora uma introdução inédita do professor de economia Fernando Rugitsky, da University of the West of England, em Bristol, Inglaterra. Preservando a estrutura de três volumes do original, inclui também acréscimos inéditos no Brasil, baseados na edição francesa revisada por Marx e incluídos na MEGA2 [Marx-Engels Gesamtausgabe], traduzidos por Nélio Schneider.
Assinantes da Quatro Cinco Um têm 20% de desconto no site da Ubu. Conheça o Clube de Benefícios 451.
Crianças e exílio: memórias de infâncias marcadas pela ditadura militar. Org. Helena Dória Lucas de Oliveira e Nadejda Marques. Carta Editora // 344 pp // R$ 85
Brasileiros que, quando crianças, foram fichados pela ditadura militar brasileira e obrigados a deixar o país trazem as memórias desse passado na coletânea organizada por duas professoras universitárias que também viveram o exílio na infância. Entre os quarenta e seis testemunhos presentes no volume, estão relatos de crianças que viram seus familiares sendo perseguidos, ameaçados ou assassinados pelo regime. Além de uma infância atravessada por medo, mortes e falta de respostas, os depoimentos relatam a perda de identidade causada pelo exílio e a desconexão com os familiares que permaneceram no Brasil.
“Em Cuba, meus olhos de criança não viam desigualdade social, mas eu sabia que no Brasil sim existia muita pobreza. Sabia que meus pais passaram dificuldades na infância. Minha mãe, Tércia Maria Rodrigues Mendes, contava que no Brasil, minha avó, às vezes, deixava de comer para dar de comer aos filhos. Em um dos seus trabalhos como encarregada da limpeza de uma escola, minha avó juntava os toquinhos de lápis descartados para dar aos filhos para que eles pudessem escrever. Meu pai, Jarbas Pereira Marques, com outros pais, lutavam por um Brasil mais justo para todos. Mas foram perseguidos. Presos. Torturados. Mortos.”
Trecho de Org. Helena Dória Lucas de Oliveira e Nadejda Marques “Crianças e exílio: memórias de infâncias marcadas pela ditadura militar”
Saiba mais sobre o livro
Ideologia: uma introdução. Marilena Chaui.
Boitempo // 152 pp // R$ 49
Autora de Convite à filosofia (Ática) e uma das presenças confirmadas n’A Feira do Livro 2025, a filósofa e professora revisita e amplia sua análise sobre a ideologia e suas transformações na história. Nesta edição, o capítulo sobre a ideologia da competência foi atualizado e foi acrescentado um novo texto sobre a ideologia neoliberal que inclui sua reflexão sobre o avanço tecnológico atual.
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A insubmissa. Cristina Peri Rossi.
Trad. Anita Rivera Guerra // Bazar do Tempo // 208 pp // R$ 78,00
Vencedora do prêmio Miguel de Cervantes, a autora uruguaia narra nesta autobiografia — da infância em Montevidéu ao exílio na Espanha, em 1972 — sua recusa em se submeter às normas, como o fato de usar calças, não comer animais, ter uma biblioteca, amar outras meninas, escrever.
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Pensar com as mãos. Marília Garcia.
WMF Martins Fontes // 256 pp // R$ 64,90
Coletânea de ensaios breves da poeta e tradutora carioca vencedora do Prêmio Oceanos, nos quais reflete sobre o fazer poético, o diálogo entre a poesia e outros gêneros literários, além de tecer ideias sobre o processo criativo de autores contemporâneos.
Utopias amazônicas. Marcos Colón.
Ateliê Editorial // 336 pp // R$ 136,50
Organizado pelo professor, jornalista, poeta e documentarista, a coletânea reúne ensaios de especialistas e pesquisadores locais que discutem os futuros possíveis para a Amazônia a partir de uma reflexão sobre os conflitos entre visões de mundo opostas: de um lado, a herdada pelo colonialismo e guiada por interesses neoliberais e, do outro, a de líderes e comunidades indígenas que apontam outros modos de coexistência com a natureza.
Chronos: o Ocidente confrontado ao Tempo. François Hartog.
Trad. Laurent de Saes // Autêntica // 320 pp // R$ 94,90
Ensaio do historiador e professor francês, em que investiga as múltiplas formas pelas quais a humanidade tentou compreender e dominar o tempo — uma entidade inatingível simbolizada por Chronos —, desde as concepções gregas ao tempo inédito do Antropoceno.
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O primeiro leitor: ensaio de memória. Luiz Schwarcz.
Companhia das Letras // 304 pp // R$ 74,90
O premiado editor e escritor paulistano une memórias pessoais e ensaio ao revisitar a sua trajetória à frente da Companhia das Letras, que fundou com Lilia Moritz Schwarcz em 1986 — desde seu papel de editor até o encontro com grandes nomes da literatura e com os leitores..
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A ciência encantada de Jurema: como uma raiz da caatinga uniu indígenas e africanos na resistência anticolonial e hoje inspira pesquisas psicodélicas. Marcelo Leite.
Pref. Elisa Pankararu // Fósforo // 336 pp // R$ 99,90
O jornalista Marcelo Leite avança sua investigação sobre psicodélicos nesta obra sobre a jurema-preta, árvore típica do Nordeste brasileiro cuja casca serve de matéria-prima para a bebida sagrada da religião antigamente conhecida como catimbó. O autor é voluntário de experimentos científicos e viaja a diversas cidades para explicar a importância da planta na história e na sociedade brasileiras, além de narrar como a presença de um composto psicodélico também encontrado na ayahuasca fez do vegetal um aliado promissor no tratamento da depressão.
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+ novidades quentinhas
Sanduíche de anzóis: poemas. Paulo Scott.
Alfaguara // 176 pp // R$ 89,90
Autor do premiado romance Marrom e Amarelo (Alfaguara, 2019), o escritor gaúcho reinventa sua produção poética dos últimos 25 anos com poemas sobre amor, delírios — e um manifesto contra o avanço do neofascismo.
Brevíssima história do conflito Israel-Palestina. Ilan Pappe.
Trad. Alexandre Barbosa de Souza // Elefante // 174 pp // R$ 6
Filho de judeus alemães e especialista na história contemporânea de Israel, o autor expõe os principais marcos da guerra, e propõe uma reflexão sobre as injustiças enfrentadas pelos palestinos há mais de um século.
O ovo apunhalado. Caio Fernando de Abreu.
Posf. Carol Bensimon // Companhia das Letras // 192 pp // R$ 84,90
Vinte e um contos do escritor e jornalista gaúcho Caio Fernando Abreu (1948-1996), escritos durante os anos de chumbo da ditadura militar.
Brigada ligeira. Antonio Candido
Todavia // 120 pp // R$ 69,90
Livro de estreia do principal crítico literário brasileiro, reúne textos originalmente publicados entre 1943 e 1944, na Folha da Manhã.
A Barca do Sol: memórias de um certo verão. Yuri Behr.
Gryphus // 148 pp // R$ 69,90
O compositor e pesquisador da USP conta a história da banda de rock A Barca do Sol, banda nascida no Rio de Janeiro nos anos de chumbo da ditadura.
O verbo roubado: textos escolhidos. Antonin Artaud.
Trad. Mayara Dionizio // Sobinfluência // 192 pp // R$ 69
Conjunto de cartas, textos teatrais e ensaios do poeta, ator, dramaturgo e diretor de teatro francês, em que tece críticas à linguagem, à representação e à própria estrutura metafísica que constitui os seres.
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