
Listão da Semana,
Ghassan Kanafani, Annie Ernaux, Maria Lúcia Alvim e mais 17 lançamentos
Novela do escritor palestino ambientada em Gaza retrata uma família em meio às violências do colonialismo sionista e a resistência dos palestinos
03out2024 • Atualizado em: 04out2024O romance foi escrito em 1966, mas poderia se passar hoje. O que lhes restou, do escritor palestino Ghassan Kanafani (1936-1972), é ambientado num campo de refugiados em Gaza, e as consequências da expulsão de milhares de palestinos de suas terras marcam a vida de uma casal de irmãos órfãos. O livro chega às livrarias esta semana, que também traz Olhe as luzes, meu amor, de Annie Ernaux, e a Poesia reunida, de Maria Lúcia Alvim.
Ainda na seleção da semana, o Tédio terminal de Izumi Suzuki; o Caderno de faróis de Jazmina Barrera; Hospício é Deus, de Maura Lopes Cançado; um ensaio sobre a cultura de luta antirracista, de Thayara de Lima; a Pop filosofia, de Marcia Tiburi; um ensaio sobre mulheres e arquitetura, de Zaida Muxí Martínez; uma pesquisa sobre filmes produzidos durante a ditadura no Brasil, de Patrícia Machado; e mais novidades quentinhas.
Viva o livro brasileiro!
Veja os lançamentos de semanas anteriores.
Mais Lidas
O que lhes restou. Ghassan Kanafani.
Trad. Ahmed Zoghbi // Tabla // 80 pp // R$ 57
Publicada originalmente em 1966 e ambientada em um campo de refugiados em Gaza, a segunda novela do escritor palestino, autor de Homens ao sol (Tabla, 2023), acompanha por um dia um casal de irmãos órfãos, em uma sequência temporal não linear, em que passado e presente se confundem e em um espaço marcado pela guerra e opressão.
“Agora podia olhar diretamente para o sol pendurado na superfície do horizonte, que se dissolvia como uma tocha púrpura imersa na água. Logo, mergulhou por completo, deixando linhas em chamas para trás, suspensas nos limites do céu, que começaram a retroceder sobre um fundo, primeiro de um cinza brilhante, depois uma mera tinta branca.
Trecho de Ghassan Kanafani “O que lhes restou”
Saiba mais sobre o livroAssinantes da Quatro Cinco Um têm 20% de desconto no site da Tabla. Conheça o Clube de Benefícios 451.
Olhe as luzes, meu amor. Annie Ernaux.
Trad. Mariana Delfini // Fósforo // 80 pp // R$ 64,90
A francesa ganhadora do Nobel escreve um tipo de diário-meditação — próximo do formato que costumeiramente faz uso, a autossociobiografia — sobre a influência dos grandes supermercados na sociedade moderna e seu domínio perante a figura da mulher. De maneira analítica e crítica, Ernaux reflete sobre consumo, classes sociais, desejo e a relação complexa entre capitalismo e tempo.
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Leia também: Exposição e livro-catálogo exploram as relações complexas entre a obra de Annie Ernaux e a fotografia
Poesia reunida. Maria Lúcia Alvim.
Org. Guilherme Gontijo Flores e Ricardo Domeneck // Apres. Juliana Veloso // Posf. Guilherme Gontijo Flores // Relicário // 564 pp // R$ 89,90
Além de poemas esparsos e dos inéditos “Rabo de olho” (1992) e “Sala de branco” (2010), traz a coletânea poética da poeta mineira, morta em 21 em decorrência da covid-19. Os poemas da autora de Batendo pasto (Relicário), pelo qual venceu o Prêmio Jabuti em 2021, foram organizados pelos poetas Guilherme Gontijo Flores e Ricardo Domeneck.
Assinantes da Quatro Cinco Um têm 25% de desconto no site da Relicário. Conheça o Clube de Benefícios 451.
Leia também: Coletânea joga luz sobre a poesia de Maria Lúcia Alvim, tensionada entre a natureza, as palavras e o erotismo
Tédio terminal. Izumi Suzuki.
Trad. Andrei Cunha, Rita Kohl e Eunice Suenaga // DBA Literatura // 232 pp // R$ 76,90
Coletânea de contos da escritora e atriz japonesa Izumi Suzuki (1949-1986) escritos durante as décadas de 70 e 80. Estruturando mundos próximos à ficção científica e à fantasia, a autora aborda o vício nas tecnologias e telas, o embate entre realidade e espetáculo, violência, vida alienígena e viagens de consciência feitas com doses de anestésicos.
Leia também: Autoras japonesas contemporâneas abordam a estranheza de viver em um mundo moderno que ainda é ditado pela tradição
Caderno de faróis. Jazmina Barrera.
Trad. Silvia Massimini Felix // Moinhos // 116 pp // R$ 60
Convidada da Flip 2024, a escritora mexicana compila crônicas, ensaios e relatos de viagens reunidos no que a autora de Linea Nigra (Moinhos, 2023) denomina como uma coleção de faróis, reais ou imaginários, partindo de alguns faróis famosos na literatura e descritos por Homero, Virginia Woolf e outros autores.
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Hospício é Deus: diário I. Maura Lopes Cançado.
Posfs. Natalia Timerman e Maurício Meireles // Companhia das Letras // 288 pp // R$ 99,90
Primeiro volume dos diários da escritora mineira, originalmente publicado em 1965, une as memórias de infância às inúmeras internações de Maura Lopes Cançado (1929–1993) em hospitais psiquiátricos de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro. Com descrições detalhadas e sinceras, ela narra suas visões acerca da escrita, indo até o limite entre a razão e a loucura, a ficção e a própria memória, o real e o imaginário.
Assinantes da Quatro Cinco Um têm 25% de desconto no site da Companhia das letras. Conheça o Clube de Benefícios 451.
Ouça também: Stella do Patrocínio e a loucura no Brasil — Episódio narrativo do podcast 451 MHz conta como uma mulher negra e pobre foi internada à força por trinta anos em um hospício no Rio e, depois da sua morte, foi considerada poeta
A cultura de luta antirracista e o movimento negro do século 21. Thayara de Lima.
Pallas // 276 pp // R$ 78
Primeiro volume da Coleção Cultura e Educação Antirracista, é estruturado a partir da tese da historiadora e pesquisadora carioca em que expõe a noção de “cultura de luta antirracista” após analisar aspectos históricos das lutas anticolonialistas no continente africano até o movimento negro do século 21 no Brasil, predominantemente organizado por mulheres.
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Pop filosofia. Marcia Tiburi.
Nós + Edições Sesc São Paulo // 80 pp // R$ 50
No primeiro volume da Coleção Pop Filosofia, a filósofa e artista visual, autora de Com os sapatos aniquilados, Helena avança na neve (Nós, 2023), empresta o termo cunhado pelo filósofo francês Gilles Deleuze — que primeiro o emprestou da pop art de Andy Warhol —, para descrever um tipo de fazer filosófico que pudesse ser mais aberto e livre da filosofia academicista.
Veja também: Um retrato de Marcia Tiburi, por Renato Parada
Mulheres, casas e cidades. Zaida Muxí Martínez.
Trad. Júlia Urrutia // Olhares // 316 pp // R$ 99
A arquiteta e professora argentina analisa o papel das mulheres no desenvolvimento da teoria e prática da Arquitetura e Urbanismo ao longo da história. Pensando na presença e ausência das mulheres nesse universo, Martínez discute política habitacional, os espaços de casa e cidade, desigualdade e como essas questões sintetizam as relações humanas.
Leia também: Livro mostra como questões de gênero impactam a disposição das metrópoles e de seus espaços internos
Cinema de arquivo: imagens e memória da ditadura militar. Patrícia Machado.
Sagarana Editora // 320 pp // R$ 65
A professora e pesquisadora de arquivos audiovisuais traça uma investigação por acervos públicos e privados em busca de imagens e documentos produzidos durante a ditadura militar brasileira. A autora descreve a rota clandestina que conectava Brasil, Cuba e França, elencando alguns dos responsáveis por filmar as manifestações de 1968, como Eduardo Escorel e José Carlos Avellar, além de apoiadores que repassavam materiais para outros cineastas, encarregados de idealizar filmes-denúncia acerca do período. Além disso, Machado reflete sobre o militarismo na política nos dias de hoje.
Ouça também: No aniversário do golpe de 1964, o podcast 451 MHz dedica episódio às vítimas da ditadura brasileira
Vapt-vupt
+ novidades quentinhas
Cartas perto do coração. Fernando Sabino e Clarice Lispector
Pref. Nádia Battella Gotlib // Record // 256 pp // R$ 109,90
A edição especial inclui fac-símiles das correspondências entre os dois autores, notas do original do romance A maçã no escuro e um prefácio inédito de Nádia Battella Gotlib, especialista em Clarice.
Deixe que eu sinta teu corpo. Vagner Amaro.
Malê // 158 pp // R$ 42
Coletânea de contos em que o escritor e jornalista reflete sobre masculinidade, relacionamentos homoafetivos e interraciais em cidades interioranas, periferias e subúrbios.
A nostalgia: quando, afinal, estamos em casa?. Barbara Cassin.
Trad. Cláudio Oliveira // Quina // 144 pp // R$ 58
Agraciada pela Académie Française com o Grand Prix de Philosophie pelo conjunto da obra, a filósofa e filóloga francesa reflete sobre a nostalgia a partir de análise das obras de Homero, Virgílio e Hannah Arendt.
O acontecimento da literatura. Terry Eagleton.
Trad. Thomaz Kawauche // Editora Unesp // 320 pp // R$ 74
O filósofo e crítico literário britânico, autor de Como ler literatura (L&PM, 2019), reflete sobre as fronteiras entre linguagem e pensamento.
Céleste e Proust. Chloé Cruchaudet.
Trad. Renata Silveira // Nemo // 256 pp // R$ 119,80
Autora de Degenerado (Nemo, 2020), a premiada quadrinista francesa retrata o relacionamento entre Marcel Proust e sua governanta, que exerceu influência no processo de escrita de Em busca do tempo perdido.
Na travessia do tempo: crônicas. Manuel Bandeira
Org. Gustavo Henrique Tuna // Ils. Flavio Pessoa // Global Editora // 96 pp // R$ 75
Seleção de 24 crônicas do poeta pernambucano, organizadas em quatro blocos temáticos que abordam família, amizade, as cidades e as festas.
Mais-gozar: um guia para os não perplexos. Slavoj Žižek.
Trad. Fábio Creder // Editora Vozes // 504 pp // R$ 97
O polêmico filósofo esloveno faz uma reflexão crítica da sociedade contemporânea, destacando a relação ambígua com o consumismo e a busca insaciável pela felicidade e prazer.
Como amar uma filha. Hila Blum.
Trad. Nancy Rozenchan // Intrínseca // 240 pp // R$ 79,90
Neste romance vencedor do prêmio Sapir, a escritora israelense analisa as consequências que o excesso de proteção acarreta na relação entre mães e filhos, por meio de uma anciã tentando se reaproximar da filha e das netas.
Gente ultraprocessada: por que comemos coisas que não são comida, e por que não conseguimos parar de comê-las. Chris van Tulleken.
Trad. Érika Nogueira Vieira // Pref. Carlos Monteiro // Apres. Paula Johns // Elefante + O Joio e o Trigo // 432 pp // R$ 80
O professor e apresentador da BBC reúne informações sobre os alimentos ultraprocessados, com dados e descobertas recentes, e descreve a experimentação radical que colocou sua própria saúde em xeque.
Lobo Mau com dor de dente. Daniel Kondo.
Carambaia // 48 pp // R$ 69,90
O artista gráfico e ilustrador gaúcho, vencedor do Prêmio Jabuti, recria a história do Lobo Mau — famoso pela vilania nos contos de fada —, que agora precisa de ajuda para tratar um dente dolorido.