Listão da Semana,

O Nobel Jon Fosse, Ruth Guimarães e mais 12 lançamentos

Chega ao Brasil ‘Brancura’, romance do Nobel norueguês Jon Fosse, sobre uma aventura noturna em meio a uma nevasca

18out2023 | Edição #74

Jon Fosse, o norueguês que acaba de ganhar o Nobel de literatura, já tem uma vasta obra, mas ainda são poucos os livros do autor publicados no Brasil. Nesta semana, um deles chega às livrarias: Brancura, narrativa breve que pode ser uma boa introdução ao trabalho do escritor premiado.

A semana também tem um lançamento importante da literatura negra, uma coletânea de crônicas de Ruth Guimarães, uma das principais autoras negras a ganhar projeção nacional; um ensaio sobre a história das dívidas (e do dinheiro) de David Graeber; o livro de Mathieu Lindon sobre seu amigo Hervé Guibert; um romance da pernambucana Marta Barbosa Stephens; a sabedoria dos terreiros, por Mãe Beata de Yemanjá; e mais novidades quentinhas. 

Viva o livro brasileiro!

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Brancura. Jon Fosse.
Trad. Leonardo Pinto Silva • Fósforo • 64 pp • R$ 59,90

Primeira obra publicada pelo ganhador do Nobel após a conclusão de seu monumental romance Septologia (que só deve ser publicado no Brasil em 2025), esta breve narrativa descreve um homem desorientado que conduz seu carro rumo a uma floresta, em meio a uma nevasca noturna. Em vez de buscar ajuda, ele decide se aventurar pela mata, onde se perde. Cansado e com frio, ele encontra um ser de brancura reluzente. 

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Marinheira no mundo. Ruth Guimarães.
Primavera • 252 pp • R$ 69,90

Coletânea de crônicas da escritora paulista, que foi uma das primeiras autoras negras a se projetar nacionalmente, com a publicação, em 1946, do romance Água funda, elogiado por Antonio Candido, Erico Veríssimo e Nelson Werneck Sodré. Romancista, contista, tradutora, ensaísta, poeta, folclorista, professora, jornalista e pesquisadora da cultura popular, Guimarães se apresentava como “mulher, negra, pobre e caipira”, e é esse Brasil "negro, pobre e caipira" que descreve em suas crônicas.

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Dívida: os primeiros 5 mil anos. David Graeber.
Trad. Rogério Bettoni • Zahar • 696 pp • R$ 149,90

Coautor de O despertar de tudo (Companhia das Letras), o antropólogo britânico morto em 2020 sustenta que o sistema de crédito emergiu muito antes do próprio dinheiro: as dívidas surgiram antes da criação dos meios de pagamento. Ele aponta a estreita relação entre o aparecimento do dinheiro, as guerras de conquista e as diferentes modalidades de escravidão. A presente edição tem prefácio inédito de Thomas Piketty.

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Hervelino. Mathieu Lindon.
Trad. Márcia Bechara • Nós • 152 pp • R$ 76

O jornalista cultural do Libération traça um retrato melancólico de seu grande amigo Hervé Guibert, escritor muito próximo de Michel Foucault, cuja agonia ele descreve no livro Ao amigo que não me salvou a vida, recentemente publicado pela Todavia. Colaborador do Le Monde, Guibert ficou conhecido com a coletânea La Mort propagande, de 1977. No final dos anos 80, juntamente com Lindon, Guibert foi bolsista na Villa Médicis, quando descobriu que ter o vírus HIV. Morreu de aids em 1991. 

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As viúvas passam bem. Marta Barbosa Stephens.
Folhas de Relva • 132 pp • R$ 58,90

O novo romance da escritora e crítica literária recifense – autora dos contos de Voo luminoso de alma sonhadora (2013) e do romance Desamores da portuguesa (2015) – descreve o tenso relacionamento entre duas vizinhas que moram em Recife, duas viúvas vingativas, cujos maridos tinham se matado num grotesco duelo sem sentido, e que guardavam um ódio genuíno e profundo uma pela outra. Finalista do prêmio Leya, o romance se inspira em fatos que a autora testemunhou na infância.

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No espaço com Lygia Pape. Veronica Stigger.
Relicário • 76 pp • R$ 44,90

Uma reflexão da curadora e escritora gaúcha (ganhadora dos prêmios Machado de Assis, Açorianos e São Paulo) sobre a conquista do espaço sideral a partir do filme La Nouvelle Création (1967), de Lygia Pape. Stigger expõe a história da criação da obra, que representou um marco na trajetória da artista multimídia, e analisa a visão do espaço cósmico que serve de base para a delimitação do espaço gráfico.

Leia também: Narrativas curtas de Veronica Stigger desafiam convenções literárias explorando suspenses e expectativas do leitor

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Caroço de dendê: a sabedoria dos terreiros. Mãe Beata de Yemonjá.
Ilustrações de Raul Lody • Pallas • 128 pp • R$ 51

A escritora e mãe de santo baiana reúne os contos de senzala que ela ouviu. As 43 narrativas deste livro constituem registros da tradição oral afro-brasileira, ainda tão pouco documentada como literatura escrita, embora tão presente no imaginário popular. No livro publicado originalmente em 1997, ela conta histórias sobre os mistérios do universo cultural candomblecista.

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+ novidades quentinhas

1 + 1 = 2 | 2 – 1 = 0. Fernanda Caleffi Barbetta.
Cepe • 292 pp • R$ 50

Vencedor do prêmio Cepe, este romance tem como protagonista uma adolescente que se sente deslocada e narra os diversos abandonos que marcaram sua vida.

O filme perdido. Cesar Gananian e Chico França.
Quadrinhos na Cia. • 312 pp • R$ 139,90

HQ sobre o diretor de cinema Louis Le Prince, que antes dos irmãos Lumière já filmava imagens em movimento, mas desapareceu misteriosamente em 1890.

Pixel. Krisztina Tóth.
Trad. Zsuzsanna Spiry • DBA Literatura • 176 pp • R$ 64,90

Trinta contos da autora húngara sobre os dramas modernos: uma sobrevivente do Holocausto que esqueceu a língua materna, uma amante que presenteia o namorado com uma mecha de seu cabelo, um imigrante vítima do preconceito.

Walter Benjamin e a guerra de imagens. Márcio Seligmann-Silva.
Perspectiva • 208 pp • R$ 64,40

Professor titular da Unicamp revisita a teoria benjaminiana das imagens (fotografia e cinema) para refletir sobre a necropolítica contemporânea e a anulação do outro.

Como um milhão de borboletas negras. Laura Nsafou.
Ils. Barbara Brun • Trad. Luana Almeida • PequeNós • 40 pp • R$ 66

Uma menina sofre com os comentários de outras crianças sobre seu cabelo, mas sua mãe mostra que eles são tão lindos quanto um milhão de borboletas negras.

Toyota by Toyota: as técnicas que revolucionaram a indústria conforme líderes que aprenderam na fonte. Samuel Obara & Daryl Wilburn (orgs.).
Estação Liberdade • 272 pp • R$ 87

Coletânea de artigos sobre o sistema de produção Toyota, criado por Taiichi Ohno (1912-90), e os princípios, metodologias e técnicas Lean. 

Preconceito: uma história. Leandro Karnal e Luiz Estevam de Oliveira Fernandes.
Companhia das Letras • 400 pp • R$ 69,90

Uma investigação sobre as bases sociais das diversas formas de preconceito, com depoimentos de Amara Moira, Daniel Munduruku e Daniela Mercury, entre outros. 

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Quem escreveu esse texto

Iara Biderman

Jornalista, editora da Quatro Cinco Um, está lançando Tantra e a arte de cortar cebolas (34).

Mauricio Puls

É autor de Arquitetura e filosofia (Annablume) e O significado da pintura abstrata (Perspectiva), e editor-assistente da Quatro Cinco Um.

Matéria publicada na edição impressa #74 em setembro de 2023.