Listão da Semana,
João do Rio, Cuti, Thomas Piketty e mais 12 lançamentos
Antologia de crônicas do homenageado da Flip de 2024 reúne 33 textos sobre o Brasil do início do século 20, entre o encanto dos becos e vielas e a hipocrisia dos salões de alta classe
19jul2024Uma coletânea caprichada de crônicas de João do Rio, o homenageado deste ano da Flip, chega às livrarias. Gente às janelas reúne 33 textos — incluindo contos quase desconhecidos — do jornalista e escritor que retratou o encanto das ruas e a hipocrisia dos salões da capital do Brasil no início do século 20.
Também na seleção da semana, uma antologia poética de Cuti; uma conferência de Thomas Piketty; o romance epistolar de Virginie Despentes; um ensaio sobre a cultura literária e visual japonesa, de Seth Jacobowitz; uma viagem pelos cenários e referências de Elena Ferrante; um romance sobre o lockdown em Nova York, de Sigrid Nunez; reflexões sobre o marxismo, por Luis Felipe Miguel; e sobre o pensamento feminista, por Joan Wallach Scott; uma narrativa sobre refugiados, de Amets Arzallus Antia e Ibrahima Balde; e mais novidades quentinhas.
Viva o livro brasileiro!
Veja os lançamentos de semanas anteriores.
Mais Lidas
Gente às janelas: crônicas. João do Rio.
Org. e intr. Graziella Beting • Carambaia • 272 pp • R$ 69,90
Coletânea de 33 crônicas inéditas do autor homenageado de 2024 da Flip, conhecido como o criador da crônica moderna. Nesta seleção, o jornalista e escritor carioca buscou capturar a alma do Rio de Janeiro a partir de seus espaços mais requintados — como salões que imitavam os das altas classes na Europa — até seus becos, morros, vielas e terreiros de candomblé, abordando temas e particularidades que jornalistas da época pouco acessavam, como homossexualidade, preconceito, moradia e miséria.
Trecho da crônica “O último burro”:
“O burro é bom, é tão bom que a lenda o pôs no estábulo onde se pretende tenha nascido um grande sonhador a que chamam Jesus. O burro é resignado. Ele vem através da história prestando serviços sem descansar e apanhando relhadas como se fosse obrigação. Não é um, são todos. Eu conheço os burros de carroça, com o couro em sangue, suando, a puxar pesos violentos, e conheço os burros de tropa na roça, e os burros de bondes, magros e esfomeados. São fatalmente fiéis e resignados. Não lhes perguntam se comeram, se dormiram, se estão bem. Eles trabalham até rebentar, e até a sua morte é motivo de pouco caso. Para demonstrar nos conflitos, que não houve nada, sujeitos em fúria dizem para os curiosos: – Que olham? Morreu um burro!” Leia o trecho na íntegra.
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Ritmo humanegrítico: antologia poética. Cuti.
Companhia das Letras • 272 pp • R$ 89,90
Antologia de poemas do ensaísta, poeta e dramaturgo Luiz Silva, um dos fundadores da editora Quilombhoje e da série Cadernos Negros. Sob o pseudônimo de Cuti, o autor, que é um dos grandes intelectuais da literatura e do movimento negro no Brasil, embala poemas ritmados sobre racismo, o mau uso das tecnologias, identidade e amores.
Leia também: Um retrato de Cuti, por Renato Parada
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Natureza, cultura e desigualdades: uma perspectiva comparativa e histórica. Thomas Piketty.
Trad. Maria de Fátima Olivia do Coutto • Civilização Brasileira • 96 pp • R$ 44,90
Transcrição de uma conferência proferida em 2022 em Paris pelo autor de Uma breve história da igualdade (Intrínseca, 2024), a obra traz uma síntese em uma linguagem acessível dos temas que o economista francês tem abordado em seus trabalhos, como educação, herança, patrimônio, impostos, taxação de riquezas, aquecimento global e dívida pública, e seus impactos nas desigualdades.
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Querido babaca. Virginie Despentes.
Trad. Marcela Vieira • Fósforo • 280 pp • R$ 89,90
A escritora francesa, vencedora do Honoré de Balzac pela trilogia A vida de Vernon Subutex (Companhia das Letras), faz uma espécie de releitura contemporânea de As relações perigosas, de Pierre Choderlos de Laclos. O romance epístolar da atualidade é criado pela correspondência por e-mail entre uma atriz e um escritor famosos que, entre comentários ácidos e insultos, refletem sobre o movimento #MeToo, assédio sexual, feminismo, masculinidade frágil, envelhecimento e o cotidiano embalado pelas redes sociais.
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A escrita no Japão da era Meiji: as mídias na literatura moderna e na cultura visual nipônicas. Seth Jacobowitz.
Trad. Marco Souza • Estação Liberdade • 400 pp • R$ 89,90
No livro vencedor do prêmio International Convention of Asia Scholars, o especialista em literatura japonesa examina as origens da língua, literatura e cultura visual japonesa a partir das mudanças da Era Meiji (1868-1912) até o desenvolvimento dos meios de comunicação modernos, que, segundo o autor, moldaram o estilo narrativo da literatura japonesa moderna.
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Além das margens: a Itália de Elena Ferrante. Isabela Discacciati.
Pref. Fabiane Secches • Bazar do Tempo • 220 pp • R$ 84
Com imagens históricas de acervos italianos, a jornalista faz uma busca pelos cenários e tipos espelhados nas obras da escritora Elena Ferrante, sobretudo na Tetralogia Napolitana. Especialista em cultura italiana, Discacciati esmiúça as referências literárias da autora, além da mitologia, religião, cultura popular e a história e geografia italianas enquanto tece experiências autobiográficas que se combinam com o universo das personagens ferrantianas.
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Os vulneráveis. Sigrid Nunez.
Trad. Carla Fortino • Instante • 176 pp • R$ 74,90
A escritora estadunidense, vencedora do National Book Award em 2018 por O amigo e autora de Sempre Susan (2023) ― livro de memórias sobre a ensaísta Susan Sontag ―, ambos publicados pela Instante, narra os primeiros dias do isolamento social da pandemia de covid-19, em Nova York. Em meio à crise mundial, a protagonista, uma escritora sênior, começa a dividir o apartamento com um papagaio e um jovem da geração Z, em uma saga sobre relacionamentos interpessoais e interespécies.
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Marxismo e política: modos de usar. Luis Felipe Miguel.
Boitempo • 208 pp • R$ 69
O professor, cientista político e autor de Democracia na periferia capitalista: impasses do Brasil (Autêntica, 2022), reflete sobre a essencialidade do pensamento marxista como instrumento para a análise política, a partir de assuntos como as classes sociais, gênero, fetichismo, ecologia, desigualdade racial e mais. Também inclui análises sobre as necessidades do marxismo estar mais aberto ao diálogo com o mundo contemporâneo.
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A fantasia da história feminista. Joan Wallach Scott.
Trad. Elisa Nazarian • Autêntica • 232 pp • R$ 74,90
Professora emérita no Instituto de Estudos Avançados de Princeton e fundadora do Centro de Ensino e Pesquisas sobre Mulheres da Universidade Brown, nos Estados Unidos, a historiadora que se dedica às questões de gênero utiliza conceitos psicanalíticos para questionar a historiografia tradicional e incluir a fantasia como elemento necessário à análise da história e do pensamento feministas.
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Meu irmãozinho. Amets Arzallus Antia e Ibrahima Balde.
Trad. Estebe Ormazabal • Todavia • 160 pp • R$ 59,90
Ele próprio filho de refugiados, Antia conheceu Balde em um abrigo no País Basco. Aqui, eles narram a história de Balde, que saiu do interior da Guiné em busca do irmão mais novo, que havia fugido para a Líbia com planos de emigrar para a Europa e assim poder ajudar a família. Repleta dos desafios que inúmeros imigrantes vivenciam, a jornada dos dois irmãos esbarra com o tráfico de pessoas, aprisionamento e tortura, além das péssimas condições de locomoção.
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Vapt-vupt
+ novidades quentinhas
SPK: fazer da doença uma arma. Coletivo Socialista de Pacientes SPK.
Trad. Felipe Shimabukuro • Pref. Jean-Paul Sartre • Ubu • 224 pp • R$ 79,90
Um manual de ação revolucionária contra a “indústria da doença” capitalista do grupo de pacientes alemães formado nos anos 70.
Capitalismo destrutivo: os radicais do mercado e a ameaça de um mundo sem democracia. Quinn Slobodian.
Trad. Renato Marques • Objetiva • 344 pp • R$ 99,90
O historiador canadense problematiza as divisões do mapa-múndi como delimitações convencionadas a questões puramente político-econômicas que anulam as particularidades de cada país.
Dissoluções. Felipe Franco Munhoz.
Apres. José Luís Peixoto • Record • 160 pp • R$ 59,90
O poeta e tradutor paulistano, autor de Lanternas ao nirvana (Record, 2022), mescla ficção, poesia e teatro para traçar uma série de paisagens poéticas permeadas por referências da literatura, música, cinema e filosofia.
Oreo. Fran Ross.
Trad. Heloísa Mourão • Todavia • 264 pp • R$ 89,90
Romance satírico sobre a filha de uma mulher negra e de um homem judeu publicado originalmente em 1974 e redescoberto no século 21.
O Ocidente: uma nova história em catorze vidas. Naoíse Mac Sweeney.
Trad. Denise Bottmann • Zahar • 408 pp • R$ 119,9
A arqueóloga e historiadora inglesa propõe uma reinterpretação da civilização ocidental nos últimos 2.500 anos por meio das vidas e dos textos de catorze homens e mulheres.
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