Listão da Semana,
‘Homo solidaricus’ e mais 6 lançamentos
Autores noruegueses ressaltam os benefícios de se viver em lugares onde se pode confiar no outro
26maio2022 | Edição #57Que papel tem a solidariedade no bem-estar social? Segundo os militantes trabalhistas Wegard Harsvik e Ingvar Skjerve, essa qualidade empática do ser humano é decisiva para a prosperidade das nações. Em Homo solidaricus, que chega nesta semana às livrarias brasileiras, os autores da Noruega — que há décadas lidera o ranking de países com a maior qualidade de vida do mundo — ressaltam os enormes benefícios de se viver em lugares onde se pode confiar no outro, seja ele um vizinho ou uma instituição. Para os autores, a solidariedade não é uma luta contra a natureza humana, mas algo profundamente enraizado em nós.
Completam a seleção da semana poemas de Oswaldo de Camargo, contos de Silvina Ocampo, o primeiro livro de Kotaro Isaka lançado no Brasil, o novo romance do norte-americano Dave Eggers, uma análise da crise da democracia e um ensaio sobre as personagens femininas de Tennessee Williams.
Viva o livro brasileiro!
Homo solidaricus: derrubando o mito do ser humano egoísta. Wegard Harsvik e Ingar Skjerve.
Trad. Leonardo Pinto Silva • Rua do Sabão • 200 pp • R$ 60/24,90
Os autores apresentam uma análise do Estado de bem-estar social, com seus benefícios e contradições, partindo da constatação de que a solidariedade humana garante o sucesso desse modelo. Harsvik é mestre em economia social, sociologia e história, e Skjerve é enfermeiro e escritor com mestrado em ética profissional. Assessores políticos do Partido Trabalhista norueguês, os autores militaram no movimento antiglobalização dos anos 90 e início dos 2000 e dizem ter sido inspirados, em seu ativismo, pelo MST, o Movimento Sem Terra brasileiro.
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30 poemas de um negro brasileiro. Oswaldo de Camargo.
Companhia das Letras • 120 pp • R$ 54,90/37,90
Mais Lidas
Diretor da Associação Cultural do Negro (órgão responsável pela realização de atividades musicais e literárias) na década de 60 e um dos integrantes do primeiro número dos Cadernos Negros em 1978, o poeta, jornalista, crítico e historiador de literatura Oswaldo de Camargo é um dos mais importantes intelectuais negros das últimas décadas. Seu livro de contos O carro do êxito (1972) é considerado pela crítica um dos maiores exemplos da literatura baseada na vida urbana negra. A nova antologia reúne todos os textos de 15 poemas negros (1961) — incluindo o prefácio do sociólogo Florestan Fernandes — e poemas de O estranho (1984) e Luz & breu (2017).
Trecho do livro:
“Eu penso que a manhã não interpreta bem
a superfície escura desta pele,
que pássaro nela vai pousar?”.
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As convidadas. Silvina Ocampo.
Trad. Livia Deorsola • Companhia das Letras • 264 pp • R$ 79,90/39,90
Personalidade do mundo literário argentino na segunda metade do século 20, casada com Adolfo Bioy Casares e amiga de Jorge Luis Borges, Ocampo teve sua obra redescoberta após a sua morte, em 1993. Seus contos se caracterizam, segundo Borges, por ter “um amor estranho por uma certa crueldade inocente ou oblíqua”. As narrativas de As convidadas, lançado originalmente em 1961, exemplificam a maturidade estilística da escritora e combinam humor e estranhamento para revelar os pequenos horrores da vida cotidiana.
Leia também: Livro de contos mostra o mundo cruel e a sexualidade perversa de Silvina Ocampo.
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Trem-bala. Kotaro Isaka.
Trad. André Czarnobai • Intrínseca • 264 pp • R$ 69,90/46,90
O thriller passado em um trem-bala no qual viajam cinco assassinos é a primeira obra de Kotaro Isaka publicada no Brasil. Uma adaptação para o cinema, com Sandra Bullock e Brad Pitt, está prevista para ser lançada em julho. Best-seller no Japão, o autor foi nomeado diversas vezes para a premiação japonesa Naoki Prize e, em 2008, venceu os prêmios Hon'ya Taisho e Yamamoto Shugoro. Seus livros já foram traduzidos para diversos idiomas, como chinês, francês, coreano, taiwanês, inglês, italiano, russo e alemão.
Trecho do livro: “Ou bem fazemos algo para reduzir a pobreza e as diferenças sociais, ou continuaremos a ser um país com boas condições naturais, mas sem capacidade de entrar na ‘modernidade’—termo de que não gosto”.
Leia também: Livro de autora japonesa se torna fenômeno mundial com uma história de amor às avessas.
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Heróis da fronteira. Dave Eggers.
Trad. Rafael Nobre • Companhia das Letras • 416 pp • R$ 119,90/44,90
No romance que trata das relações familiares e dos Estados Unidos contemporâneos, uma mulher com a vida em estado de caos coloca os dois filhos pequenos em um trailer e parte para o Alasca. Dave Eggers foi finalista do Pulitzer com seu livro de memórias em 2000 e ganhou em 2009 o prêmio francês Medici de melhor livro de ficção estrangeira com o romance O que é o quê, lançado no Brasil pela Companhia das Letras.
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O corredor estreito: estados, sociedades e o destino da sociedade. Daron Acemoglu e James A. Robinson.
Trad. Rogerio Galindo e Rosiane Correia de Freitas • Intrínseca • 800 pp • R$ 139,90/94,90
Nesse ensaio, os autores tratam da crise da democracia e do equilíbrio necessário entre Estado e sociedade para garantir o princípio democrático da liberdade. Para desenvolver sua tese, eles se baseiam em eventos históricos e acontecimentos recentes. Como comentam no prefácio, "o livro não foi escrito com a pandemia em mente, mas, se tivessem inventado um cenário, não conseguiriam criar algo tão apropriado". Daron Acemoglu, economista do MIT, e James A. Robinson, cientista político da Universidade de Chicago, escreveram juntos também o best-seller Por que as nações fracassam (Intrínseca).
Leia também: As relações entre o desenvolvimento de um país e a complexidade de sua economia ajudam a entender a riqueza das nações.
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Nem loucas, nem reprimidas: o confronto contracultural da mulher com o mainstream nas late plays de Tennessee Williams. Luiz Marcio Arnaut.
Alameda • 492 pp • R$ 89
Tennessee Williams é conhecido por seus enormes sucessos encenados na Broadway e adaptados para o cinema, entre os quais Um bonde chamado desejo (1947) e Gata em teto de zinco quente (1955), ambos vencedores do prêmio Pulitzer. No entanto, não é sobre as obras mais conhecidas de Williams que o livro se debruça. O ensaio analisa as chamadas obras tardias, quando o dramaturgo norte-americano parte para o experimentalismo e deixa de lado o estilo realista que o consagrou, e investiga as personagens femininas de peças de Williams escritas entre 1966 e 1983, relacionando-as com o contexto histórico, os movimentos políticos e o feminismo. Luiz Marcio Arnaut é doutor em teoria e prática de teatro pela Universidade de São Paulo (USP), dramaturgo e arte-educador.
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Matéria publicada na edição impressa #57 em fevereiro de 2022.
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