Listão da Semana,

Conrado Hübner Mendes, Milan Kundera, Sidarta Ribeiro e mais 12 lançamentos

10nov2023 | Edição #75

Chega às livrarias a coletânea de artigos do professor de direito Conrado Hübner Mendes sobre o comportamento de juízes, procuradores, promotores e advogados públicos no Brasil – a “magistocracia”. Em colunas agora reunidas em livro, o autor faz uma crítica às condutas antiéticas de magistrados que, com essas, fragilizam o tribunal e o estado democrático de direito.

Chegam também às livrarias um romance de Banana Yoshimoto escrito depois do acidente em Fukushima de 2011; ensaios políticos de Milan Kundera; a esperada autobiografia de Britney Spears; a ciência e a história da liberação da maconha, por Sidarta Ribeiro; a relação entre loucura e criatividade, por Rosa Montero; um livro de poemas da mineira Mariana Paz; uma novela de Turguêniev; um ensaio com autoficção de Paul Preciado: e mais novidades quentinhas

Viva o livro brasileiro!

 

O discreto charme da magistocracia: vícios e disfarces do judiciário brasileiro. Conrado Hübner Mendes.
Todavia • 328 pp • R$ 79,90

Coletânea de 88 artigos que o professor de direito constitucional da USP publicou na revista Época e no jornal Folha de S.Paulo, nos quais analisa o comportamento de juízes, procuradores, promotores e advogados públicos no Brasil. Segundo Hübner Mendes, a magistocracia — neologismo que mistura o termo “magistrado” com “aristocracia”, como explica na apresentação — é autoritária, autocrática, autárquica, rentista e dinástica.

“Tentei criticar o Supremo sem ser confundido ou apropriado pela crítica de má fé. É uma crítica muito menos à existência e à importância de um tribunal como o Supremo, que é fundamental e foi fundamental em tempos recentes para salvar a democracia, mas sem deixar de observar que o Supremo faz muito mal e tem responsabilidade pelos riscos que a democracia correu”, diz Conrado Hübner Mendes no episódio “De olho no Supremo” do podcast 451 MHz.

Ouça: Diego Werneck Arguelhes e Conrado Hübner Mendes discutem o funcionamento da Suprema Corte brasileira e os limites do Judiciário no 451 MHz

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Doce amanhã. Banana Yoshimoto.
Trad. Jefferson José Teixeira • Estação Liberdade • 128 pp • R$ 59

O tema da morte e as protagonistas mulheres são marcas da autora, filha do poeta Takaaki Yoshimoto, que estreou na literatura com o premiado Kitchen (1998). Neste romance escrito em 2011, depois do terremoto e o tsunami de Fukushima, a jovem protagonista sofre um terrível acidente automobilístico que mata seu namorado e a deixa entre a vida e a morte. Nesse estado crítico, ela se vê conduzida a um mundo radiante, no qual reencontra seu avô e seu cachorro, ambos já falecidos. Após conversar com o avô, ela enfrenta um longo período de recuperação, no qual decide retomar o legado de seu namorado.

Leia também: Mais do que saudade, Tsugumi, de Banana Yoshimoto, transmite com precisão um conceito caro à cultura japonesa — a tristeza pela impermanência e pela finitude da existência

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Um Ocidente sequestrado ou a tragédia da Europa Central. Milan Kundera.
Trad. Mariana Delfini • Companhia das Letras • 96 pp • R$ 64,90

O autor tcheco morto em julho deste ano sustenta, em um ensaio escrito em 1983, que os países da Europa Central (Hungria, Polônia e a então Tchecoslováquia) pertenciam ao Ocidente, por seus valores, tradições e por sua cultura, mas que por circunstâncias geopolíticas tinham sido sequestrados pela ocupação soviética. Essa ocupação não representava apenas uma catástrofe política, mas um questionamento de sua ocidentalidade. O livro traz ainda um discurso do jovem Kundera no Congresso de Escritores Tchecoslovacos de 1967, logo antes da Primavera de Praga, com uma introdução de Jacques Rupnik.  

Leia também: Atuante na Primavera de Praga, Kundera ganhou notoriedade por romances que examinam as crenças humanas, relacionamentos, sexo e o mais íntimo do indivíduo

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A mulher em mim. Britney Spears.
Trad. Cristiane Maruyama • Buzz • 280 pp • R$ 119,90

Autobiografia da cantora pop, na qual ela fala de sua carreira desde a época em que atuava com Christina Aguilera e Ryan Gosling, seu relacionamento com o cantor Justin Timberlake (do qual ficou grávida) e com o dançarino Kevin Federline (do qual se divorciou em 2007) e os treze anos em que ficou sob a tutela do pai, o que limitou sua vida pessoal e profissional.

Leia também: A pesquisadora Debora Diniz e a artista visual Aleta Valente conversam sobre os impactos do aborto na saúde física, mental e financeira das mulheres

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As flores do bem: a ciência e a história da liberação da maconha. Sidarta Ribeiro.
Fósforo • 184 pp • R$ 59,90

O neurocientista e biólogo resume a história do relacionamento da humanidade com a Cannabis sativa (o uso do cânhamo na navegação, seu aproveitamento para a produção de teares na China e remédios na Índia e na África), apontando os prejuízos criados pelas políticas proibicionistas (nas quais o racismo tem um papel central) e as descobertas da ciência sobre seu emprego no tratamento da epilepsia e de outras enfermidades como depressão, Parkinson e Alzheimer.

Ouça também: O jornalista Michael Pollan mergulha no cultivo de plantas ilícitas e reflete sobre a guerra contra algumas drogas

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O perigo de estar lúcida. Rosa Montero.
Trad. Mariana Sanchez • Todavia • 272 pp • R$ 74,90

A jornalista e escritora madrilenha, autora de A ridícula ideia de nunca mais te ver, analisa o papel da loucura na criação literária, apontando os elos entre a criatividade e os distúrbios mentais – angústias, paranoias, transtornos obsessivo-compulsivos, transtornos bipolares, psicoses – com base tanto em sua experiência pessoal (ela sofreu ataques de pânico dos dezessete aos trinta anos), quanto na leitura de vários tratados de psicologia e nas memórias de grandes artistas, escritores e filósofos.

Leia também: Jornalista desde os dezenove e escritora desde sempre, Rosa Montero fala sobre o poder da palavra, sexismo e autoficção

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Ar aberto. Mariana Paz.
Nós • 88 pp • R$ 60

Novo livro de poemas da escritora e artista visual belo-horizontina, autora de Verbo do rio (2019) e A matéria mais suja do dia (2021): “é solitário o uso do verbo pisar/ e a cada largura/ um pouco mais deserto/ há morte e vastas paisagens/ é preciso cobrir a carcaça”.

Leia também: Ana Martins Marques, Anne Carson e Virginia Woolf partem da fluidez dos gêneros em poesia e prosa reflexivas e provocadoras

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Ássia. Ivan Turguêniev.
Trad. e posf. Fátima Bianchi • Editora 34 • 96 pp • R$ 53 

A novela publicada em 1857, cinco anos antes de Pais e filhos, tem como pano de fundo o relacionamento entre as elites russas e os servos e retoma a questão dos “homens supérfluos” – a geração de jovens nobres russos incapazes de colocar seus ideais em prática. No enredo, um nobre russo em viagem pela Alemanha trava amizade com um casal de irmãos e se apaixona pela irmã mais nova.

Leia também: Entre textos de fantasia e com preocupação social, coletânea traz contos de nomes como Tolstói, Turguêniev, Tchékhov e Catarina 2ª

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Dysphoria mundi: o som do mundo desmoronando. Paul Preciado.
Trad. Eliana Aguiar • Zahar • 568 pp • R$ 109,90 

Nesta mescla de ensaio filosófico e autoficção, o pensador espanhol analisa a crise política, sexual e ecológica do capitalismo patriarcal e colonial, e propõe que o conceito de disforia seja empregado de uma maneira mais ampla para explicar a dissolução do velho mundo e a emergência de um novo regime epistemológico.

Leia também: Livro do italiano Mario Mieli é libelo de geração radical que buscou conjugar, na teoria e na prática, libertação sexual com a luta pelo socialismo

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+ novidades quentinhas

Homens de fortuna. Nadifa Mohamed.
Trad. Marina Vargas • Tordesilhas • 352 pp • R$ 88,90

Baseada numa história real, a autora somali narra o caso de um jovem marinheiro oriundo da Somália que foi acusado de um crime que não cometeu no País de Gales, em 1952. Ele tenta se defender, mas tem contra si policiais racistas.

Oração para desaparecer. Socorro Acioli.
Companhia das Letras • 208 pp • R$ 69,90

A autora de A cabeça do santo (2014) narra o drama de uma mulher desmemoriada que precisa reconstruir sua vida num lugar inteiramente desconhecido. 

Trilogia das pequenas permanências: Fio de rio, A casa dos vaga-lumes e A livreira viajante. Anita Prades.
Selo Emília • 100 pp • R$ 153

Reúne três livros da autora infantojuvenil sobre a forma como as crianças enxergam a cidade em que vivem, a convivência com os familiares e a importância dos livros.

Os segredos das palavras. Noam Chomsky & Andrea Moro.
Trad. Sérgio de Moura Menuzzi e Gabriel de Ávila Othero • Editora Unesp • 118 pp • R$ 49

Chomsky conversa com o linguista e neurocientista italiano sobre a história da ciência, a aquisição da linguagem pelas crianças, a relação entre linguagem e cérebro, a inteligência artificial e a existência de línguas impossíveis para o cérebro.

Coisas frágeis. Neil Gaiman.
Trad. Leonardo Alves • Intrínseca • 336 pp • R$ 59,90

O humor sombrio de Gaiman em 31 contos, com histórias abordando Sherlock Holmes, o mundo de Matrix, desaparecimentos, assassinatos, pesadelos e monstros.

Sergio Rodrigues em Brasília 1956-1981. Marcelo Mari (org.).
Olhares • 196 pp • R$ 120

Traz uma série de artigos do próprio Rodrigues e de outros especialistas sobre a experiência de projetar móveis para os edifícios da nova capital, como a UnB, o Itamaraty, o Teatro Nacional e o Cine Brasília.

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Quem escreveu esse texto

Iara Biderman

Jornalista, editora da Quatro Cinco Um, está lançando Tantra e a arte de cortar cebolas (34).

Mauricio Puls

É autor de Arquitetura e filosofia (Annablume) e O significado da pintura abstrata (Perspectiva), e editor-assistente da Quatro Cinco Um.

Matéria publicada na edição impressa #75 em outubro de 2023.