O sábado (29) começou a esquentar por volta das 10h, com a abertura d’A Feira do Livro 2024 na praça Charles Miller, em São Paulo, em frente à Mercado Livre Arena – Pacaembu.
Aos poucos, o público foi ocupando a praça, folheando livros nas tendas das editoras e livrarias ou se encaminhando para a primeira mesa no Auditório Armando Nogueira, onde a advogada criminal e cineasta francesa Hannelore Cayre falou com o público sobre seu romance premiado A patroa (Dublinense), com mediação de Eduardo Muylaert.
Do lado de fora do auditório, o público aproveitou para conhecer as tendas, bancadas e tablados de expositores e convidados. Neste ano, a bancada com as editoras independentes ficou logo na entrada da praça e a movimentação chamava a atenção de quem chegava n’A Feira.
O arquiteto Eduardo Ribeiro, 36, ficou encantado com o acervo da Lote 42 e da Banca Tatuí, que dividiam o espaço com outras editoras independentes. “Vim em 2023, mas deixei para o último dia. Neste ano, fiz questão de chegar cedo para aproveitar”, contou ele, enquanto ajeitava uma sacola da Editora 34. Ao seu lado, outro frequentador procurava o famoso “pinguim” na banca da revista Piauí.
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Muitos outros já foram pegando seus lugares no Palco da Praça para ouvir Christian Dunker e Natalia Timerman falarem sobre luto e literatura, com mediação de Tati Bernardi.
Livros para o Rio Grande do Sul
Próxima às bancadas, a tenda número 10, ponto de doações de livros para recompor acervos de bibliotecas comunitárias e escolares do Rio Grande do Sul, já tinha quatro grandes caixas embaladas com títulos doados. Diariamente, às 17h, o material vai para um depósito antes de ser enviado ao estado gaúcho. Neste sábado, foram arrecadados quase cinco mil livros. O estande faz parte de uma ação da Redelê e da Associação Quatro Cinco Um. Quem doou saiu com um adesivo verde escrito “Eu doei livros pro RS”.
A professora de biologia Liamar Erika Morioka, 27 anos, veio pela primeira vez à Feira do Livro após ter visto no Instagram a campanha de doações de livros. Ela se surpreendeu com a organização e comprou diversos títulos na TAG Livros, um dos expositores.
“Um evento como esse tem uma grande relevância, principalmente por receber novas gerações que começam a se aproximar dos livros sem se intimidar. Muitas pessoas têm receio de andar com um livro na mão e se sentir julgado a depender do ambiente, então a feira é um bom espaço para se descobrir na leitura”, disse ela, enquanto descansava nas cadeiras localizadas no gramado ao centro da praça.
A Quatro Cinco Um também está com um espaço próprio, onde é possível comprar várias edições da revista dos livros, assim como fazer a sua assinatura. Na tenda daTinta-da-China Brasil, selo editorial da Associação Quatro Cinco Um, estão à venda, entre outros, os lançamentos Agora, agora e mais agora, Esquerda e direita: guia histórico para o século XXI, ambos de Rui Tavares; Despotismo tropical: a ditadura e a abertura política nas crônicas de Julia Juruna, de Luiz Felipe de Alencastro; Histórias da matemática: da contagem nos dedos à inteligência artificial, de Marcelo Viana; e Minha escolha pela ação social, de Neca Setubal.
Próxima ao estande, está a loja da revista dos livros. Por lá, o público recebeu gratuitamente o almanaque d’A Feira, com a cobertura do festival e o mapa da feira, além de comprar produtos como camisetas, bonés, agendas e bandeiras d’A Feira do Livro.
Maconha com Sidarta
A programação paralela d’A Feira do Livro também marcou o primeiro dia da programação com leituras, bate-papos e conversas em parcerias com diversas editoras e outras associações.
No tablado Mirtilo, o neurocientista Sidarta Ribeiro arrastou uma pequena multidão ao falar sobre maconha e o canabidiol — conhecido pela sigla CBD —, um dos canabinoides presentes na cannabis, que está cada vez mais sendo utilizado de forma medicinal. A conversa aconteceu na mesma semana em que o Supremo Tribunal Federal (STF) descriminalizou o porte de maconha no Brasil.
Oficinas para todos os gostos
A Feira do Livro reuniu também futuros leitores. As crianças não piscavam os olhos durante as oficinas de ilustração de livros e zines. Os adultos também se divertiram aprendendo a técnica de xilogravura, impressão artística que utiliza uma matriz de madeira para reproduzir imagens em papel.
A Feira do Livro 2024
29 jun.—7 jul.
Praça Charles Miller, Pacaembu
A Feira do Livro é uma realização da Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos voltada para a difusão do livro no Brasil, e da Maré Produções, empresa especializada em exposições e feiras culturais. O patrocínio é do Grupo CCR, do Itaú Unibanco e Rede, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, da TV Brasil e da Rádio Nacional de São Paulo.
Peraí. Esquecemos de perguntar o seu nome.
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