A Feira do Livro,
Afetos e guerras, ditadura, memórias e meio-ambiente são temas do último dia d’A Feira do Livro
Vera Iaconelli, Geni Núñez, João Moreira Salles, Maria Adelaide Amaral, Ivan Angelo, Rosa Freire d’Aguiar, Peter Pál Pelbart e Vladimir Safatle se encontram na praça
06jul2024Neste domingo (7) acontece o último dia d’A Feira do Livro, encerrando uma intensa — e extensa — programação composta por grandes autores nacionais e internacionais.
O nono e último dia do festival traz à praça Charles Miller a psicanalista Vera Iaconelli, o documentarista João Moreira Salles, a psicóloga Geni Núñez, os escritores Maria Adelaide de Amaral, Ivan Angelo e Silvana Tavano e a jornalista e tradutora Rosa Freire d’Aguiar para falar sobre afetos, ditaduras, guerras e literatura.
O domingo, com previsão de sol e calor, começa com a mesa “Formas de afeto”. A psicanalista paulistana Vera Iaconelli, autora de Manifesto antimaternalista: psicanálise e políticas da reprodução (Zahar, 2023), e a psicóloga guarani Geni Núñez, autora de Descolonizando afetos: experimentações sobre outras formas de amar (Paidós, 2023), conversam com Martha Nowill sobre descolonização dos relacionamentos afetivos e interpelam conceitos como maternidade, monogamia e outras formas de amor.
Nos sessenta anos do golpe, o tema da ditadura volta para a praça às 11h45, na mesa “Páginas de um país”. Consagrados e em plena atividade, Maria Adelaide Amaral e Ivan Angelo conversam sobre seus livros — Aos meus amigos (Instante) e Vida ao vivo (Companhia das Letras, 2023) — brilhantes retratos literários de uma geração que moldou a TV, a cultura e o jornalismo nos anos 70 e 80. A mediação será de Marta Góes.
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Do Brasil ao Japão, no Auditório Armando Nogueira, às 12h, acontece uma “Homenagem a Leiko Gotoda”. A mais importante tradutora de literatura japonesa no Brasil é celebrada nesta mesa que reúne Rita Kohl, tradutora da nova geração, e Luara França, editora que trabalhou em suas traduções, com mediação da jornalista Gabriela Mayer.
Um dos acontecimentos mais discutidos dos últimos tempos, a guerra na Palestina será tema da mesa “De São Paulo a Gaza”, às 13h30, no Palco da Praça. O ensaísta e tradutor húngaro Peter Pál Pelbart, coautor de O judeu pós-judeu: judaicidade e etnocracia (n-1 Edições) e o escritor e professor Vladimir Safatle, que lançou neste ano Alfabeto das colisões: filosofia prática em modo crônico (Ubu) discutem o genocídio palestino, os significados da guerra entre Israel e Hamas e as perspectivas do conflito. A mediação é de João Paulo Charleaux, autor da série As Regras da Guerra, publicada pela Folha de S.Paulo, e do livro Ser estrangeiro: migração, asilo e refúgio ao longo da história (Companhia das Letras).
De história em história, do Oriente Médio A Feira segue para a mesa “Avenida Rebouças” às 14h, no Auditório Armando Nogueira. A diretora do Arquivo Nacional Ana Flávia Magalhães e a historiadora Hebe Mattos, que organizou as cartas e os diários de André Rebouças, discutem a vida, as ideias e o legado do abolicionista com o jornalista Fábio Silvestre Cardoso.
Outro tema quente, o meio ambiente será tema da mesa “Natureza em chamas”, às 15h, no Palco da Praça. A Amazônia e o cerrado são o cenário das obras de João Moreira Salles e Pablo L.C. Casella. Documentarista e fundador da revista piauí, Moreira Salles, autor do livro-reportagem Arrabalde: em busca da Amazônia (Companhia das Letras), conversa com o analista ambiental que estreia na literatura com o romance Contra fogo (Todavia, 2024). Mediados por Maria Guimarães, eles conversam sobre as implicações culturais, políticas e ambientais da devastação dos biomas brasileiros.
Como lembrar dos horrores dos anos de chumbo não é demais, o tema é retomado na mesa “Ditadura nunca mais”, realizada em parceria com o Laut, às 15h30, no Auditório Armando Nogueira. A resistência das famílias de “desaparecidos” durante a ditadura militar é objeto de dois livros lançados no aniversário dos sesenta anos do golpe de 1964. A mesa com o advogado, autor e pesquisador Pádua Fernandes, autor de Ilícito absoluto: a família Almeida Teles, o coronel C. A. Brilhante Ustra e a tortura (Patuá, 2023), e o jornalista e escritor Camilo Vannuchi, que lança n’A Feira Eu só disse meu nome (Discurso Direto), tem mediação da professora de direito Luciana Reis, pesquisadora do Laut.
Com o fim d’A Feira se aproximando, uma mesa nostálgica toma o Palco da Praça às 17h, “Sempre Paris”. Tradutora de Sade, Céline e Proust, Rosa Freire d’Aguiar lançou Sempre Paris: crônica de uma cidade, seus escritores e artistas (Companhia das Letras) no ano passado e rememora, em um bate-papo com Ruan de Sousa Gabriel, a efervescência cultural, política e comportamental de Paris, onde foi correspondente e vivia com o economista Celso Furtado.
Encerrando o festival, a mesa “Tempo mãe” traz ao Auditório Armando Nogueira, às 17h30, a escritora e professora de literatura Silvana Tavano. Autora do recém-lançado Ressuscitar mamutes (Autêntica), Tavano discorre sobre o tempo, suas memórias da mãe e a escrita de romance para ressuscitar passados e inventar futuros. A mediação é de Iara Biderman, editora da Quatro Cinco Um.
Mais n’A FeiraO festival literário paulistano ainda terá na programação paralela oficinas para leitores de todas as idades, especialmente as crianças, encontros nos Tablados Literários, e outras atrações organizadas pelos expositores. A Feira oferece ainda diversas atividades infantis para entreter os rebentos. Veja aqui mais detalhes da programação infantojuvenil.
A Feira do Livro 2024
29 jun.—7 jul.
Praça Charles Miller, Pacaembu
A Feira do Livro é uma realização da Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos voltada para a difusão do livro no Brasil, e da Maré Produções, empresa especializada em exposições e feiras culturais. O patrocínio é do Grupo CCR, do Itaú Unibanco e Rede, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, da TV Brasil e da Rádio Nacional de São Paulo.
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